Entre Moçambique, Coimbra e Timor Leste se conta a história da família de Zeca Afonso, que se confunde com a História de Portugal do século XX. Rosas de Ermera é um documentário rico em emoções, que nos faz entrar a fundo em realidades ao mesmo tempo próximas e distantes. Tudo isto anos antes de ter surgido o grande músico e escritor de canções…
A história do filme começa em Moçambique, onde vivia a família Afonso Santos: o pai, a mãe e os três filhos – João, Zeca e Mariazinha. Nas memórias, o “período africano” é visto como uma espécie de paraíso na terra ou paraíso perdido. O pai, juiz, decide aceitar a colocação em Timor Leste e os caminhos bifurcam-se. Mariazinha parte com os pais, enquanto os irmão são enviados para Coimbra, para casa de uma tia. Vivências opostas. E muito atribuladas. Sobretudo a de Mariazinha e os pais, cuja permanência em Timor coincide com a II Guerra Mundial e a invasão da ilha pelos japoneses.
É emocionante acompanhar Mariazinha, com os seus 83 anos, nesta viagem de regresso a Timor (onde nunca tinha voltado desde a infância), passando por todas as casas e locais que compuseram a sua estadia. Durante o período mais crítico, protegiam-se dos bombardeamentos dos “aliados” australianos, enquanto ficavam subjugados ao poder japonês, em campos de refugiados, lutando dia a dia por bem essenciais. Um testemunho impressionante de um período da nossa História recente. Isto em contraste com a vivência de João e Zeca, retrato do Portugal acanhado dos anos 40, um meio muito conservador e provinciano.
Luís Filipe Rocha, mais conhecido como autor de filmes de ficção, encontra um dispositivo simples para contar esta história, com o recurso a imagens de arquivo e aos testemunhos, incrivelmente sóbrios e claros, de João e Mariazinha.
Rosas de Ermera > de Luís Filipe Rocha > documentário > 125 min > RTP2 13/14 mar, ter, 23h50, qua, 23h15