
A argentina Lola Arias traz ao festival ‘Campo Minado’, um espetáculo que reúne histórias dos veteranos da Guerra das Malvinas
Tristram Kenton
1. O início
O mais antigo festival de artes performativas do País começou em 1977, por iniciativa de membros de duas companhias emblemáticas do Porto, o Seiva Trupe e o Teatro Experimental do Porto, que queriam fazer da cidade a capital do teatro ibero-americano. Sopravam os ventos da revolução de Abril e, nesses primeiros anos, foi recebida “uma grande quantidade de grupos brasileiros, que ainda viviam sob a ditadura militar e que transportavam daqui uma ideia de democracia e de liberdade”, conta Gonçalo Amorim, atual diretor artístico do FITEI. Nos anos mais recentes, o festival passou por grandes dificuldades e procura agora recuperar parte do estatuto perdido.
2. A grande
Ibéria
O festival
mantém a sua
vocação ibero-
-americana e nesta edição apresenta produções de Espanha (Calypso, da companhia galega Voadora, com direção de Marta Pazos), Argentina (Todo lo que esta a mi lado, performance de Fernando Rubio) e Chile (Pájaro, de Trinidad Gonzalez, e Casco Azul, de Antonio Altamirano).
3. Memória
Um dos temas da 40ª edição do FITEI será a memória e a pós-memória. Depois de se apresentar na Culturgest, em Lisboa
(3 e 4 jun), a argentina Lola Arias traz ao festival Campo Minado, um espetáculo que reúne histórias dos veteranos da Guerra das Malvinas (dias 8 e 9); e a portuguesa Joana Craveiro regressa ao período colonial português, tratando os testemunhos de uma geração que viveu os acontecimentos através das memórias da família, em Filhos do Retorno (dias 9 e 10).
4. Seleção portuguesa
Várias gerações de criadores portugueses integram esta edição comemorativa. Desde a “velha guarda”, representada por João Brites, do teatro O Bando (leva à cena Inferno, a primeira estação de A Divina Comédia) e Nuno Carinhas (a sua primeira encenação de Shakespeare, Macbeth, subirá ao palco do Teatro Nacional S. João), a João Garcia Miguel, Tiago Rodrigues e Marlene Monteiro Freitas, que encerra o festival, no dia 17, com o espetáculo Bacantes – Prelúdio para uma Purga.
5. Comunidade
O programa desta edição procurará envolver a comunidade, com conversas pós-espetáculos, debates, sessões de poesia no Pinguim Café, masterclasses, além da rubrica Isto não é uma escola FITEI!, com workshops dirigidos aos artistas e às escolas da região. Haverá, ainda, três projetos com alunos das escolas artísticas do Porto, encenados por Luísa Pinto, Nuno Meireles e Marta Freitas.
6. Álbum comemorativo
Os 40 anos do FITEI serão assinalados com a edição de um livro, coordenado por Jorge Louraço Figueira, em jeito de álbum de fotografia, com imagens e comentários sobre alguns dos espetáculos mais marcantes que passaram pelo festival.
7. Alastrar
o festival
O FITEI terá extensões em Matosinhos, Viana do Castelo e Felgueiras. “É uma forma de atingir mais público, criar memória e alastrar a missão do festival”, sublinha Gonçalo Amorim, que chama também a atenção para os espetáculos que acontecerão na rua e em espaços não convencionais, como a cobertura do metro da Trindade (Todo Lo que está a mi Lado, de Fernando Rubio) ou um salão de cabeleireiro (Solange – Uma Conversa de Cabeleireiro, de Hugo Cruz).