
“Lisboa pode ser uma Berlim em termos criativos, mas com uma vida mais acessível”, acredita o artista plástico Skoya Assémat-Tessandier que em novembro passado abriu, em Arroios, a galeria The Switch
Luis Barra
1. The Switch
Nascido há 31 anos em Paris, França, o artista plástico Skoya Assémat-Tessandier já viajou pelo mundo, viveu em cidades como São Francisco, Londres, Tóquio ou Amesterdão, até ouvir falar do que se passava em Portugal, da street art, dos talentos e da criatividade emergentes. “Lisboa pode ser uma Berlim em termos criativos, mas com uma vida mais acessível”, acredita. Em novembro passado, abriu, em Arroios, a galeria The Switch, que esta sexta-feira, 5, inaugura uma exposição de Anzhelika Ishkova, artista russa a viver também por cá. Até 21 de maio, ocupará o Cabinet de l’Art, que funciona como uma sala privada de exposições nesta galeria assim batizada devido à parede giratória que divide este espaço de entrada do outro, que Skoya usa, a maior parte do tempo, como ateliê. A exposição de junho há de exibir o trabalho do dono da The Switch. Sobre o que mostrará, diz apenas, a sorrir: “Só posso revelar que é acrílico sobre tela.” R. Heróis de Quionga, 54 D, Lisboa > T. 93 408 4058 > ter, qui e sáb 15h-19h

Na Wozen, os artistas acompanham sempre as suas exposições. O são-tomense Kwame Sousa (na foto, ao centro, entre os proprietários da galeria) criou, ali em residência, a maioria das peças de ‘Reino Angolar: Utopias e Territórios’
José Caria
2. Wozen Studio Gallery
Três figuras masculinas, pintadas a preto, destacam-se num fundo de cores vibrantes. A obra do artista são- -tomense Kwame Sousa dá as boas-vindas a quem entra na Wozen Studio Gallery, que ocupa dois grandes salões de um edifício na Rua das Janelas Verdes, em Lisboa. Reino Angolar: Utopias e Territórios estará patente só até ao próximo domingo, 7. “A arte africana é muito diferente da europeia, é mais espontânea, gestual e colorida”, descreve Johnny, um dos responsáveis por esta galeria que comemora o seu primeiro aniversário no próximo dia 21. Com teto de pé alto e grandes janelas viradas para o Museu Nacional de Arte Antiga, a Wozen resume a sua filosofia num pequeno quadro, logo à entrada: “Somos uma galeria experimental em busca de novos formatos e processos criativos”. “Fugir à superficialidade da arte, criar critérios objetivos de valor e promover artistas emergentes são apenas alguns dos nossos objetivos”, concordam os cariocas Rique Inglez, Johnny e Carolina Martins, os três mentores da Wozen, que é muito mais do que uma galeria com exposições. Ao longo deste ano, organizaram dez mostras, onde participaram cerca de 50 artistas de 14 nacionalidades, mas ali funciona também um estúdio de tatuagem (apenas por marcação) e um palco para concertos intimistas. Na segunda sala, onde fica o ateliê, o angolano Francisco Vidal apresenta Utopia Luanda Machine, Territórios, fruto de uma residência que começou em fevereiro. R. das Janelas Verdes, 128, Lisboa > ter-dom 16h-20h > hello@wozenstudio.com

Ema Ribeiro (à direita, na fotografia) começou por abrir a Ó! Galeria no Porto, em 2009. A galeria dedicada à ilustração estendeu-se depois para Lisboa, como loja temporária, ganhando agora uma nova casa
3. Ó! Galeria
É numa caixa branca em forma de casa, debaixo de um arco de pedra, que se fazem as exposições na Ó! Galeria, recém-inaugurada na Calçada de Santo André. A galeria dedicada à ilustração, que nasceu no Porto, em 2009, e se estendeu depois para Lisboa, em formato pop-up, ganhou uma nova casa. Ali vendem-se as ilustrações de mais de 70 autores portugueses e estrangeiros, muitas delas a encher as paredes, e agora também há espaço para acolher exposições temporárias. Por ali, estão, até esta quinta-feira, 18, os desenhos de Joana Rosa Bragança, em duas séries diferentes: Monocromos e De Trazer Por Casa. Depois, a partir de sábado, 20, chega Tratado de Zoologia, de Rui Vitorino dos Santos. Cç. de Santo André, 86, Lisboa > T. 93 055 8047 > seg-sáb 11h-19h (horário de verão, até 20h)

Depois de ter acolhido uma mostra de duas artistas dinamarquesas, Karla Marie Bentzen e Thilde Louise Dalager, a Shiki Miki recebe, neste mês de maio, os trabalhos de pintura de Rui Neiva
4. Shiki Miki
Quem vê de fora a galeria Shiki Miki, aberta em novembro de 2016, não imagina o que se esconde por detrás deste nome, inspirado numa expressão de calão alemã para designar qualquer coisa kitsch mas cool, uma espécie de “chunga refinado”. O andar térreo resume-se a uma pequena sala, com enorme vitrina para a rua, mas, lá em baixo, fica outra bem maior – e, na verdade, neste projeto cabem ainda um apartamento em Montmartre, Paris, um estúdio no campo, também em França, e um ateliê em Santa Luzia, no Algarve. A ideia, explica Eduardo Moreira, é trabalhar nestes diferentes lugares, que podem ser expositivos mas também residências artísticas. “Somos uma plataforma para artistas fora do circuito de galerias e museus”, diz o responsável pela galeria em Lisboa, irmão do artista plástico Bassanti, que criou a Shiki Miki e, com Binau, fez a exposição de abertura. “Queremos ser um sítio em constante transformação, onde haja centrifugação de ideias e de estímulos para a criação”, continua Eduardo Moreira, que ali terá também “eventos satélites” de música, vídeo, performance e instalação.
Para o final do ano, está programado Demasiado Bêbado Para Amar, com novos artistas e alguns dos que, em 2002, participaram em Too Drunk To Fuck, o ciclo de exposições organizado por João Fonte Santa, em reação à eleição de Pedro Santana Lopes para a Câmara Municipal de Lisboa. Fonte Santa, Ana Pérez-Quiroga, Sara e André, Filipe Felizardo, Bassanti, Francisco Vidal, Alice Geirinhas e Pedro Amaral serão alguns dos que ali levarão obras, até ao início de fevereiro de 2018, em cinco momentos diferentes. R. do Conde, 44A, Lisboa > T. 21 802 1443/ 91 835 8380 > qua-dom 14h-19h

“Muitas das boas galerias internacionais com que tenho ligação também não estão necessariamente no centro”, diz Mikael Larsson que optou por abrir a Havaii-Lisbon na Parede, na linha de Cascais
António Bernardo
5. Hawaii-Lisbon
Mikael Larsson teve o negócio quase feito em Marvila. Era um sítio bastante maior do que aquele que a galeria de arte contemporânea Hawaii-Lisbon veio a ocupar, em outubro do ano passado, na Parede, na linha de Cascais. Optou por ficar perto de casa, e escolher uma antiga garagem de 15 metros quadrados, meio escondida entre moradias de um bairro residencial. É verdade que passa despercebida, mas será de passagem obrigatória para quem procure jovens artistas como aqueles que a Hawaii-Lisbon representa, entre eles, Margarida Gouveia, Daniel Van Straalen ou Alice Ronchi. “O programa da galeria e os artistas falam por si”, diz o proprietário.
É, aliás, com argumentos como este que Mikael, 37 anos, “meio sueco meio português”, pensa contrariar a distância em relação ao circuito habitual de galerias de arte. “Muitas das boas galerias internacionais com que tenho ligação também não estão necessariamente no centro”, justifica. As visitas a feiras e os contactos também ajudam. Viveu alguns anos em Londres, licenciou-se em Artes Plásticas, trabalhou para a Christie’s e colaborou com Nuno Centeno e Carlos Noronha Feio no projeto The Mews. Desde que abriu portas – inaugurou com a coletiva Inflatable Aesthetics –, já vendeu obras para a Holanda, Itália e Alemanha e, nos próximos dias, estará presente na ARCO Lisboa, na secção Opening, com curadoria de João Laia. R. Teófilo Braga, 14 A, Parede > T. 21 457 2753 > qui-sáb 12h-18h

Em vez vez de galeria de arte, o arquiteto francês Benjamin Gonthie prefere chamar a Foco Lisboa de “núcleo artístico e interdisciplinar”
António Bernardo
6. Foco Lisboa
Ainda hoje, cinco meses depois da inauguração, o arquiteto francês Benjamin Gonthie sente dificuldade em definir o projeto Foco Lisboa como uma galeria de arte. Uma resistência explicada pelos diferentes (e muitos) planos que tem para os 60 metros onde funciona o que prefere chamar de “núcleo artístico e interdisciplinar”. “Nunca pensei em abrir uma galeria, mas o que se tem passado aqui dentro são exposições. E por isso começo a habituar-me à ideia. As pessoas sentem necessidade em pôr um rótulo, eu entendo, e não está errado”, diz Benjamin. Pela Foco, já passou cerâmica, design e pintura. Desde a passada quinta-feira, 27 de abril, que a “galeria” está ocupada pelas esculturas do jovem artista Aires de Gameiro, uma estreia absoluta. “Veio bater-me à porta, vi o seu trabalho e gostei muito e, por causa disso, convidei-o para fazer uma exposição”, explica Benjamin. Seguir-se-á uma mostra coletiva dedicada à arquitetura e, a partir de julho, outra de design. R. da Alegria, 34, Lisboa > T. 96 031 7519 > ter-sáb 11h-20h
E ainda…
Mais quatro galerias acabadas de inaugurar esta semana

A Galeria Francisco Fino fica num antigo armazém em Marvila