
É bastante forte a ligação de António Zambujo ao Brasil, bem audível, por exemplo, no balanço a samba e bossa nova das suas próprias composições, essa espécie de fado transatlântico, onde Amália e João Gilberto se passeiam de braço dado. Veio, aliás, de terras de Vera Cruz uma das primeiras validações à música de Zambujo e pela voz de Caetano Veloso, que em 2008, depois de o ter visto atuar no Brasil, escreveu no seu blogue: “Quero ouvir mais, mais vezes, mais fundo (…) É de arrepiar e fazer chorar.” António Zambujo tinha então editado Outro Sentido, o terceiro álbum de originais, que lhe abrira as portas do mercado internacional, seguindo-se, em 2010, Guia, onde alargou os horizontes da sua música também ao Brasil, ao interpretar originais de compositores e letristas brasileiros como Vinicius de Moraes ou Rodrigo Maranhão.
A admiração pela música brasileira é antiga, quase tão antiga como a ligação ao cante, que cresceu a ouvir cantar nas tabernas da sua Beja natal, ou ao Fado, estilo pelo qual se apaixonou ainda em criança, enquanto estudava clarinete no Conservatório Regional do Baixo Alentejo. Era, portanto, uma questão de tempo até que Zambujo tornasse também sua a música que tanto o inspirou. E para isso acontecer não havia melhor do que a obra de Chico Buarque, considerado por António Zambujo “um dos maiores compositores”, não só do Brasil mas “de toda a história da música”. O resultado foi Até Pensei que Fosse Minha, um disco composto por 16 temas de Chico Buarque, cuja voz pode ser ouvida, em dueto com a de Zambujo, no tema Joana Francesa. Um trabalho apresentado agora, e pela primeira vez ao vivo em Lisboa, em três concertos (dois deles esgotados há muito, e um outro em Beja), que prometem também eles ficar na história – na de Zambujo e na de quem estiver a assistir.
Em abril, António Zambujo volta aos palcos com Até Pensei que Fosse Minha: no dia 1 atua no Teatro Micaelense, em Ponta Delgada, na ilha açoriana de São Miguel, no dia 15 estará em Faro, no Teatro das Figuras, e no dia 25 é o Theatro Circo, em Braga, que o recebe.
Fundação Calouste Gulbenkian > Av. de Berna, 45 A, Lisboa > T. 21 782 3000 > 2-3 mar, qui-sex 21h > €25 > Pax Julia – Teatro Municipal de Beja > Lg. de São João, Beja > T. 284 315 090 > 4 mar, sáb 21h30 > €10 a €15