![IMG_5642MC.jpg](https://images.trustinnews.pt/uploads/sites/5/2019/10/10409385IMG_5642MC.jpg)
Supertrooper Tiptoe, de 2012, foi construido com ramos de Agave de palmeira, peneus e borracha
Melanie Maps
Podem os materiais naturais recolhidos numa qualquer rua, na cidade ou no campo, mostrar as ideias, as preocupações e a forma como vemos o mundo? Em Chama Xamânica, a exposição que estará até 15 de abril na Culturgest, no Porto, podem. É a partir de pequenos vestígios que Otelo M. F. constrói a sua visão do mundo, na qual está sempre presente a ecologia, a sustentabilidade do planeta, a consciência ambiental.
Com curadoria de Nuno Faria, a exposição, que envolve mais de 200 peças, entre desenhos, objetos e esculturas, tem um cariz antológico. Trata-se de “mostrar de forma abrangente a singularidade do seu trabalho”, observa o curador. Em Chama Xamânica é visível um sentimento de perda, de destruição, de colapso ambiental, que talvez já não haja forma de inverter.
![20170109ChamaXamanica24696.jpg](https://images.trustinnews.pt/uploads/sites/5/2019/10/1040954020170109ChamaXamanica24696.jpg)
Da série Drawings for Petra, 2015
A viver entre o Algarve e Londres, Otelo M. F. usa uma “linguagem muito inabitual” composta por uma conjugação de materiais orgânicos, como frutos ou vegetais, e objetos comuns frequentemente tratados como restos, em contexto urbano ou natural. Otelo recolhe o material, junta e trabalha convocando “forças naturais e sobrenaturais” para o processo criativo. “É um artista singular que deambula entre a natureza, o campo e a cidade”, explica Nuno Faria.
Embora seja ainda relativamente desconhecido, e a sua obra permaneça quase secreta, Otelo M. F. tem feito “algumas cintilantes e surpreendentes aparições” em Portugal, como as descreve o curador, no Museu Municipal de Faro e no Centro Internacional das Artes José de Guimarães, em Guimarães.
Além de ocupar toda a galeria da Culturgest, num dos cofres será projetado o filme Visão Solar, de Francisco Janes, desenvolvido a partir do arquivo videográfico, de registos e performances do artista. “O trabalho de Otelo é magnético e vai deixar as pessoas intrigadas”, garante Nuno Faria.
Chama Xamânica > Culturgest > Edifício Caixa Geral de Depósitos > Av. dos Aliados, 104, Porto > T. 22 209 8116 > 17 fev-15 abr, seg-sáb 12h30-18h30