Parece natural, esta capacidade dos Clã atraírem os supernovos (os miúdos e graúdos com coração de criança) com um punhado de canções que ficam no ouvido. A experiência repete-se, a convite do Teatro Nacional São João, com quem sempre tinha ficado no ar uma colaboração. “Gostei muito do Disco Voador [o álbum lançado pela banda em 2011] e quando, entre nós, se falou na possibilidade de fazer um espetáculo para a infância, pensei: Porque não um musical e porque não com os Clã?”, conta Nuno Carinhas, que assume a encenação de Fã, com estreia marcada para esta quinta-feira, 5, no Teatro Carlos Alberto, no Porto.
O enredo anda à volta dos ensaios de uma banda (com os Clã a interpretarem ao vivo as músicas originais), a preparar-se para a primeira apresentação pública. Sabina, a vocalista (interpretada por Maria Quintelas), mal consegue conter os nervos e tudo piora quando o fantasminha que vive naquele teatro (o ator João Monteiro) resolve pregar-lhe umas partidas. O texto e as letras são de Regina Guimarães, uma cúmplice habitual dos Clã, que brinca com os medos, as superstições e os desafios de enfrentar um palco (e, no fundo, a vida).
“Com muitas emoções pelo meio. Vamos falar do que é costume encobrir/ assumir que o amor nasce no ovo/ e até quem é muito novo/ precisa gritar/o desejo de amar/ e ser amado”, canta Sabina. “Não é um espetáculo infantiloide, consegue ser inteligente e assertivo em termos da educação para o teatro, do saber ver, ouvir, cantar, partilhar”, considera Carinhas. Uma liberdade que agrada à vocalista dos Clã, Manuela Azevedo: “É um prazer estar num espetáculo sem ter a preocupação de saber se aquilo vai ensinar alguma coisa ao petiz que trazemos ou se vamos apanhar uma seca, e existir uma partilha porque estamos a ver, apenas, um bom espetáculo.” E quando é bom, já se sabe, é para todos.
Fã > Teatro Carlos Alberto > R. das Oliveiras, 43, Porto > T. 22 340 1910 > 5-29 jan, qua-qui 11h (exceto dia 5, às 21h), sex 21h, sáb 16h-21h, dom 16h > €5 a €10