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O inglês Gilles Peterson promete um esquizofrénico dj set, nos quais se misturam os mais variados e inesperados universos musicais
Corria o mês de dezembro de 2006 quando o Musicbox abriu as portas, no lugar da antiga discoteca Texas, com um espetáculo dos 1 Uik Project. Nessa altura, ainda o Cais do Sodré não era o novo centro da noite lisboeta e, para tal, muito contribuiu o Musicbox. Assumindo-se desde logo como um herdeiro direto do espírito de locais como o Rock Rendez- -Vous ou o Johnny Guitar, depressa se tornou numa referência entre os fãs de música ao vivo. Uma década e cerca de dois mil concertos depois, a data redonda é agora festejada com uma programação especial, porque, como em tempos cantava Paulo de Carvalho, “dez anos é muito tempo, muitos dias, muitas horas a cantar”.
Assim, e ao longo de três dias, o Musicbox vai receber um cartaz eclético e transversal, que tão bem resume o espírito deste clube, sempre de portas abertas a todo e qualquer estilo musical. Os primeiros a subir ao palco, na noite de quinta-feira, 1, são os portugueses Névoa, seguidos dos canadianos Preoccupations, a nova encarnação da banda anteriormente conhecida por Viet Cong, cujo álbum homónimo de estreia, lançado no início de 2015, os transformou num verdadeiro fenómeno de culto, junto dos fãs do rock mais alternativo.
Depois dos concertos, a noite continua, como é tradição na casa, com uma sessão de clubbing, neste caso a cargo do “dj, radialista, produtor, editor e colecionador de discos” Gilles Peterson, como é apresentado este inglês, tão conhecido pelo trabalho de divulgação aos microfones da BBC 6 como pelos esquizofrénicos dj sets, nos quais se misturam os mais variados e inesperados universos musicais. Na sexta, 2, o primeiro convidado a subir ao palco é Samuel Úria, um dos mais talentosos escritores de canções da pop cantada em português, que volta ao Musicbox para apresentar o último e aclamado disco Carga de Ombro. Depois, segue-se outro regresso, neste caso o do rapper americano Cakes da Killa, um dos nomes de proa do movimento “hip-hop queer” (LGBT friendly, portanto), que acabou de lançar o álbum de estreia, Hedonism, há pouco mais de um mês.
Para o último dia, sábado, 3, está reservada uma das atuações mais aguardadas, a da dupla Ikopongo, que reúne os rappers angolanos MCK e Ikonoklasta – nome artístico de Luaty Beirão, o ativista que esteve preso durante meses pelo governo angolano. Este espetáculo marca também o regresso aos palcos desta dupla, aparentemente uma das vozes mais incómodas para o regime liderado por José Eduardo dos Santos, que no início de novembro voltou a proibir dois espetáculos dos rappers em Luanda. No clubbing, a pista vai ser comandada primeiro pelo jornalista Rui Miguel Abreu, a quem se segue a dupla Irmãos Makossa, que vão encerrar em festa, ao som de música africana dos anos 70, o décimo aniversário do Musicbox.
Os festejos do décimo aniversário do Musicbox, que agora encerram com estes três dias de concertos, prolongaram- -se ao longo de todo o ano de 2016, com dez festas que trouxeram até ao clube lisboeta nomes como Jay-Jay Johanson, Stephen O’Malley ou A Place To Bury Strangers, entre outros.
Musicbox > R. Nova do Carvalho, 24, Lisboa > T. 21 347 3188 > 1-3 dez, qui-sáb 21h30 > €8 a €12