
A Vida de Galileu é uma narrativa, diz António Capelo, um dos diretores da ACE Teatro do Bolhão, “altamente didática”
Trabalhar os grandes textos e autores da dramaturgia universal sempre fez parte da estratégia programática da ACE Teatro do Bolhão, ciente da importância da formação de públicos. Desde a estreia da companhia, em 2002, depositaram no encenador japonês Kuniaki Ida, diretor da Scuola Teatro Arsenale, em Milão, esta função da revisitação dos clássicos. “Além de ter um conhecimento do palco muito profundo, é um grande pedagogo, uma característica fundamental, tendo em conta que trabalhamos predominantemente com ex-alunos da nossa escola, prolongando a formação nestas produções”, explica António Capelo, um dos diretores da ACE Teatro do Bolhão.
O primeiro espetáculo que fizeram juntos foi, precisamente, de Bertolt Brecht, A Resistível Ascensão de Arturo Ui. Regressam agora ao dramaturgo alemão com A Vida de Galileu, “uma narrativa altamente didática”, aproveitando o percurso do pai da ciência moderna para problematizar questões que permanecem atuais, como as implicações da utilização da ciência e a relação do cientista com a sociedade. “O texto de Brecht não fala de um herói, mas de alguém que, perante os instrumentos de tortura, nega as suas descobertas, o que confere uma dimensão humana muito interessante à personagem”, salienta António Capelo, que representa o papel de Galileu. Refira-se ainda a cenografia de Cristóvão Neto, uma construção imaginativa à volta do Universo, evocativa da vida do cientista. Que se move, tal como constatava Galileu sobre a Terra.
Palácio do Bolhão > R. Formosa, 342, Porto > T. 22 208 9007 > 11 nov-3 dez, qua 19h, qui-sáb 21h30, dom 16h > €10