Não é a primeira vez que o Teatro da Garagem mergulha no território geográfico e afetivo de Trás-os-Montes, a convite do Teatro Municipal de Bragança. Esta encomenda, que quis homenagear a vida e a obra de Graça Morais, acabou por ser quase o fechar de um ciclo. Graça. Suite teatral em três movimentos, constrói um políptico teatral baseado em três materiais: em excertos do diário da pintora, que refletem o seu percurso por Trás-os-Montes, Lisboa e Paris; no texto O Fim do Mito: Breve Auto sobre um Quadro de Graça Morais, que António Tabuchi escreveu a propósito de um quadro da série A Caminhada do Medo, pinturas com uma forte dimensão política; e na entrevista que Graça Morais concedeu à equipa do Teatro da Garagem no seu ateliê transmontano. «Fascinou-me o facto de ser uma pessoa que não tem uma visão acomodada da vida e que fala sobre coisas que nos inquietam», contou Carlos J. Pessoa, o encenador. O predomínio das imagens e dos sons, mais do que das palavras, dão ao espetáculo uma dimensão poética que o aproximam da obra da artista. O cenário evoca a paisagem e as gentes transmontanas, sempre presentes nas suas pinturas.
Depois da estreia em Bragança, em abril de 2015, o espetáculo sobe agora ao palco do Teatro Carlos Alberto, no Porto, onde também estará exposta a série O Sofrimento de Vénus, três pinturas em que a artista transmontana reflete sobre a violência exercida sobre as mulheres na sociedade atual.
Graça. Suite teatral em três movimentos > Teatro Carlos Alberto > R. das Oliveiras, 43, Porto > T. 22 340 1910 > 12-20 fev, qui-sáb 21h, dom 16h > €10