São vários os pormenores que se destacam nesta nova produção da A24 com a HBO, desde logo a matéria-prima – o romance The Sympathizer, de Viet Thanh Nguyen, professor catedrático de Inglês na Califórnia e escritor vietnamita radicado nos EUA, vencedor do prémio Pulitzer para Ficção. A sua publicação, em 2015, assinalava os 40 anos sobre o fim da Guerra do Vietname (1959-1975). Um conflito interno naquele país do Sudeste Asiático, em que o Norte era governado por Ho Chi Minh, tinha capital em Hanói e era aliado da União Soviética, e o Sul era liderado por Ngo Dinh Diem, tinha capital em Saigão e era aliado dos EUA.
A minissérie The Sympathizer, com sete episódios, centra-se no percurso do Capitão (Hoa Xuande), um espião do partido comunista, infiltrado no exército sul-vietnamita, que vai procurar não ser apanhado, exilando-se em Los Angeles. A sua narração dos acontecimentos, numa ação que percorre passado e presente, ajuda o espectador a seguir a cronologia, nem sempre da guerra.
Num Ocidente pós-guerra, o Capitão afinal mantém-se como agente duplo, a ter de fintar o General que começa a suspeitar da existência de uma toupeira. Ao mesmo tempo, conhece o Autor interessado em fazer um filme sobre a guerra, tornando-se consultor de uma produção de Hollywood que vai ficando cada vez mais caótica.
Outro ponto a favor desta realização do sul-coreano Park Chan-wook (Old Boy, Decisão de Partir, The Little Drummer Girl), com argumento do canadiano Don McKellar, é a escolha de Robert Downey Jr. para interpretar vários papéis. O mais recente vencedor do Oscar de Melhor Ator Secundário (em Oppenheimer) vai do agente manipulador da CIA a realizador de cinema e a político, sempre com o objetivo de representar diferentes aspetos do modo de vida norte-americano. São personagens excêntricas, cheias de fisicalidade e arrojo, numa comédia negra que explica como todas as guerras são travadas duas vezes, primeiro no campo de batalha e depois na memória.
The Sympathizer > HBO Max > Estreia 15 abr, seg > 7 episódios, um por semana