Quando um psicólogo está com a saúde emocional destroçada, dificilmente a sua vida não sofre um abanão, tal e qual como as situações dos pacientes que lhe entram consultório adentro. Também ele quer abanar estas pessoas e dizer-lhes tudo o que pensa – sem filtros e esquecendo-se que não pode fazer julgamentos, nem expressões faciais que denunciem o que lhe passa pela cabeça.
James (Jason Segel) anda alheado e está em negação por conta de um luto que ainda não ultrapassou – a última vez que viu a mulher, discutiram e depois ela morreu num acidente de automóvel. Por agora, tem de lidar com Alice, a filha adolescente que reclama também ter de fazer sozinha o luto da mãe. A dada altura, a vizinha Liz pergunta a James: “Este vais ser tu para sempre?.” E Paul (Harrison Ford), colega de profissão mais carrancudo, doente com Parkinson, também o questiona: “Confias em ti?”.
Shrinking está classificada como comédia, mas não se esperem cenas de chorar a rir. O registo dos dez episódios, escritos pelo próprio protagonista, Jason Segel, com a dupla que assina a série Ted Lasso – Bill Lawrence, cocriador e produtor (vencedor do Emmy de Melhor Série de Comédia) e Brett Goldstein, guionista e ator (vencedor de dois Emmy de Melhor Ator Secundário de Comédia) – vai muito além do insólito e dá que pensar.
A personagem principal revela-se ao imiscuir-se na vida dos seus pacientes. Ao tentar resolver-lhes os problemas, dando-lhes as ferramentas mais racionais, também ele parece encontrar um novo rumo. Porque, no fundo, terapeuta e doentes, todos se sentem reprimidos, sem conseguirem seguir em frente.
Aos 80 anos, Harrison Ford, além de entrar em Shrinking, protagoniza a série 1923, prequela da série Yellowstone e, em junho, estreará o novo filme de aventuras de Indiana Jones. 2023 promete ser um ano em grande para o ator.
Shrinking > Apple TV+ > Estreia 27 jan, sex (dois episódios) > 10 episódios, um a cada sexta