Não somos todos iguais, e ainda bem. Em Sort Of é da diferença que nasce a subtil evolução de cada uma das personagens. Neste que é um dos mais recentes sucessos da televisão canadiana, em horário nobre, fala-se da vida, da morte, da família, dos conflitos interiores, da amizade e de como precisamos uns dos outros – géneros à parte.
O criador e protagonista Bilal Baig, 27 anos, ator e escritor de origem paquistanesa e educação muçulmana, radicado no Canadá, acrescenta ainda mais uma característica à sua personagem: é não binária. Escrita por Baig e Fab Filippo, esta série classificada como comédia, põe-nos mais a pensar do que a rir.
Sabi Mehboob (Bilal Baig) tem na sua vida a questão da identidade de género para resolver, não consigo próprio, mas sobretudo com a mãe, a passar por uma crise de meia-idade. Raffo fica mais surpreendida com umas lágrimas inesperadas do que com a exuberante maquilhagem e roupas femininas.
Os dois empregos de Sabi dão-lhe bons pretextos para distrações com a vida dos outros, enquanto a dele vai ficando suspensa. De dia, toma conta de dois irmãos adolescentes, levando-os à escola e às atividades; de noite, fica atrás do balcão de um bar queer. Quando Paul, o pai dos miúdos, decide despedir Sabi, só porque ele “é muito real”, também surge a oportunidade de se mudar para Berlim, onde a sua melhor amiga pode vir a estagiar numa galeria de arte. Uma relação mal resolvida com Lewis, um homem que volta a sair com mulheres, também lhe dá água pela barba.
Na série, os problemas de vidas como a de Sabi, inspirada na vida real de Bilal, são os rótulos e as generalizações. É pena que só um acontecimento trágico, passado na família para quem trabalha, faça com que todos se questionem: Afinal, o que importa no ser humano, o seu género ou a sua bondade?
Sort Of > Fox Life > Estreou 4 jun, sáb 21h40 (episódio duplo) > 8 episódios