Sem a tradicional bandeira colorida do arco-íris associada à comunidade LGBTQIA+, este é um documentário sobre uma realidade a preto-e-branco, literalmente. É uma viagem no tempo, ao início do século XX, em que as desigualdades com base na cor da pele faziam parte da vida dos afro-americanos. Nos autocarros, os lugares traseiros ficavam para os negros, enquanto os brancos iam à frente; a entrada nos restaurantes e nos teatros estava vedada aos negros; nas universidades, poucos negros, e muito menos ainda mulheres negras, investiam no ensino.
As questões de segregação racial e de preconceito sobre a orientação sexual e a identidade de género não se discutem na atualidade sem se saber mais sobre a vida de Anna Pauline Murray (1910-1985). Escritora, advogada (formada em Yale), reverenda, poetisa, feminista, mas também pessoa não binária, Murray acreditava piamente que a Humanidade deve ser respeitada, e toda a sua vida se centrou nos Direitos Humanos. Mais do que ter sido uma mulher à frente do seu tempo, ela foi uma pessoa visionária, tornando os direitos das mulheres uma parte significativa da luta dos Direitos Humanos.
Nesta realização de Betsy West e de Julie Cohen – criadoras de RBG (2018), documentário sobre Ruth Bader Ginsburg (1933-2020), a mais antiga juíza do Supremo Tribunal dos EUA e que deu continuidade ao que Pauli Murray defendia – pouco se explora a sexualidade de Murray, mas ficamos a conhecer-lhe as dúvidas que lhe provocaram uma depressão, bem como as histórias de amor com outras mulheres.
Desde a sua morte, é na Biblioteca Schlesinger, na Universidade de Harvard, que se guardam 135 caixas com os seus documentos, pensamentos, teses, ensaios, poemas, dissertações. Uma pessoa de nervo que, há quase 100 anos, pôs em causa questões que ainda hoje andam a ser discutidas.
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