A série começa com um episódio dedicado à Península Ibérica, mas são as paisagens nacionais do Vale do Côa – região que se estende desde o rio Douro, a norte, até às montanhas da Malcata, a sul – as grandes protagonistas. Na estreia de Europa: Natureza Selvagem, vemos um Portugal inóspito, mas cheio de vida animal, em cenários de encher o olho, dignos de documentários internacionais. O testemunho de Pedro Prata, da Rewilding Portugal, funciona como guia de um projeto comum entre Portugal e Espanha para reverter a situação de devastação do lince-ibérico.
Reconhecido pelos tufos negros nas orelhas e adaptado às paisagens secas, o lince-ibérico ouve oito vezes melhor do que os humanos e tem a sua visão tão apurada de dia como de noite. Os parques naturais onde habita são também casa de milhares de aves em rotas de migração. Em terra de transumância, ali andam os pastores e as suas ovelhas lanzudas (cada uma come por dia 2% do seu peso).
O cenário espanhol centra-se no El Acebuche Lynx Breeding Centre, no Parque Nacional Doñana, em Matalascañas (Huelva), um dos cinco centros de preservação do lince-ibérico existentes na Península Ibérica, onde em 2002 restavam 94 animais. Ao longo dos 45 minutos do episódio, há tempo e lugar para mostrar lobos e raposas, águia-imperial-ibérica (um predador cuja sobrevivência depende da existência de coelhos para se alimentar), ouriços-cacheiros (que solitários chegam a percorrer, à noite, mais de 1,5 km à procura de invertebrados, caracóis e lesmas para um snack noturno), cavalos da raça garrana, corujas que caçam de dia, besouros que fertilizam o solo, perdizes e abutres. Recuamos milhares de anos na História, para percebermos a arte rupestre no Museu do Côa. E, na paisagem de montado, ficamos a saber que um sobreiro é um ecossistema per se. Definitivamente, Portugal (e Espanha) no seu melhor.
Europa: Natureza Selvagem > Estreia 5 set, sáb 17h > National Geographic