Tome nota da morada: Rua de Santa Justa, número 61. Fica no coração da baixa de Lisboa, por isso, não se estranhe o acesso. É preciso atravessar uma loja de souvenirs para subir ao terceiro andar que acolhe a 3ª edição da Casa Aberta Santo Infante. Este ano, o projeto fundado pelos irmãos Paz e Gonçalo Braga mostra que é possível decorar um apartamento pombalino com lambris de azulejos e frescos nos tetos e paredes, inteiramente com design português.
“Eu defendo casas reais para pessoas reais. É essa a minha máxima e é assim que desenvolvo os projetos”, diz Paz Braga. “Nesta edição da Casa Aberta, as características arquitetónicas eram um pouco diferentes das casas anteriores, assim como das casas que a maioria dos portugueses habita, e havia a possibilidade de as pessoas o percecionarem como uma coisa inacessível. Mas estes ambientes existem e foi possível trabalhá-lo com a ajuda das marcas.”
O resultado pode ser visto até 23 de dezembro, e até há uma agenda de iniciativas abertas ao público, mas já lá vamos. Primeiro, faça-se uma visita e dê-se conta dos pormenores que vão aparecendo a cada passo.
Este ano, Paz Braga decorou um quarto de casal e um closet, sala de estar, quarto de criança, escritório, sala de jantar e cozinha com 27 marcas portuguesas, 12 das quais em estreia: Art Natura, Burel Factory, Butiah, Buzio, Cristina Pais Dias, Denfiada, Hatt, Interiores Perfeitos, Marta Belém, Mor Design, Movendo e Pássaro de Seda.
Um dos desafios deste projeto, confessa Paz, é precisamente “encontrar coisas novas no universo do que se está a fazer no mercado nacional de design, mobiliário e artesanato”. Exemplos? Na sala de estar, podemos ver um candeeiro de parede da Patricia Lobo. Feito em pedra, faz parte da nova coleção de candeeiros da Lobo Atelier e “mostra a nova materialidade da artista”, nota Paz Braga. O candeeiro de pé da Butiah, feito à mão em vime natural, é um exemplo de que o saber-fazer tradicional tem espaço nestes projetos contemporâneos. O trabalho da marca é visível também no berço do quarto de criança, peças que foram feitas especialmente para esta Casa Aberta.
“Como se trata de um apartamento muito particular, não trabalhámos só com o que as marcas tinham em catálogo ou disponível. Mostrámos-lhes o espaço e, curiosamente, temos mais peças feitas de propósito, o que me deixa ainda mais contente. Isto demonstra a possibilidade de se fazer um projeto à medida totalmente em português, as marcas estão disponíveis para isso”, explica a cofundadora.
O atelier de interiores Santo Infante desenhou seis peças de raiz produzidas em parceria. O sofá de veludo verde da sala de estar e a cama de casal foram feitos com Rita Bessa; já a chaise-longue, a banqueta e um banco corrido que vamos descobrindo na casa tem a mão da Interiores Imperfeitos; e os desenhos autocolantes que decoram a parede do closet são da Crocki Designs. Junto a algumas peças está um QR Code onde se conta o processo de desenvolvimento. Todas estas peças são vendidas em exclusivo na loja do Santo Infante, onde estão disponíveis cerca de 100 marcas com o selo nacional.
De assoalhada em assoalhada vai-se descobrindo o mobiliário da Olaio e da Mor, a iluminação da Utu Lamps, os têxteis da Burel Factory, os tapetes da Sugo Cork, peças surpreendentes pela cor, design ou lugar onde foi estrategicamente colocadas. Atente-se, por exemplo, nos detalhes da mesa de jantar da re.SK8. A marca de Francisco Varela transforma skates velhos em móveis de design e aqui mostra uma nova forma de aplicar esse mesmo material.
Tudo o que está exposto é possível comprar para mobilar e decorar uma casa ou parte dela, incluindo o que está na loja temporária desta edição, com ótimas ideias para oferecer neste Natal.
Falta dizer que a agenda de iniciativas inclui, nesta quinta, 14, a apresentação da linha Raw Natura e um workshop com a Feltrando e no domingo, 17, o lançamento da nova marca de mobiliário Movendo.
Casa Aberta Santo Infante > R. de Santa Justa, 61, 3º andar, Lisboa > até 23 dez, qua-dom 10h-19h > grátis