Entre esta quinta e domingo, dias 20 a 23, valerá a pena parar e olhar para os céus de Lisboa. Uma instalação artística vai sobrevoar a cidade, no âmbito da temporada de arte contemporânea japonesa que celebra os 40 anos do CAM – Centro de Arte Moderna.
Tudo estará dependente das condições meteológicas, avisa a Fundação Calouste Gulbenkian, que promove a iniciativa. Para ver o balão de ar quente Masayume (sonho que se torna real, em português), imaginado pelo coletivo Mé e que se mostra pela primeira vez fora do Japão, será preciso estar no sítio certo e à hora certa.
Serão três os locais da cidade: Jardim da Cerca da Graça, nesta quinta, 20 (para ter uma boa perspetiva, sugere-se o Miradouro dos Barros, na Rua Damasceno Monteiro, e rooftop das Carpintarias de São Lázaro, fica a dica); Praça do Comércio, na sexta; e Alameda D. Afonso Henriques, no sábado e no domingo. As horas? Entre as 8h e as 10h30 e entre as 19h e as 21h30.
Mas há mais para ver nesta comemoração dos 40 anos do CAM, que contará com vários momentos entre julho e a reabertura do edifício, prevista para a primavera de 2024.
Nesta sexta, 21, às 21h30, o Grande Auditório da Fundação acolhe a performance e instalação audiovisual 100 Cymbals, do compositor e artista visual Ryoji Ikeda, interpretada pelo ensemble Les Percussions de Strasbourg, juntamente com os percussionistas Tomás Moital, Madalena Rato, Joana Duarte, Paulo Amendoeira e Francisco Cipriano.
Será também apresentado um tributo de Ikeda a John Cage: a interpretação livre da obra But what about the noise of crumpling paper, composta em 1985 pelo compositor americano, pioneiro da música aleatória e electroacústica.
Já no domingo, 23, será apresentada Cozinha Existencial, uma “paisagem comestível” da artista japonesa Lei Saito, inspirada na sua investigação sobre a culinária, a história e o planeamento urbano da cidade de Lisboa. Tendo o Jardim Gulbenkian como pano de fundo, Lei Saito criará uma instalação com vários alimentos e objetos cerâmicos, “oferecendo ao público uma surpreendente experiência estética e sensorial”, salienta a Fundação.
A programação da temporada de arte contemporânea japonesa inclui performances, música e instalações de arte, com curadoria de Emmanuelle de Montgazon, cruzando diferentes práticas e disciplinas artísticas.
A ideia partiu do conceito arquitetónico de Engawa, que está na base do projeto do arquiteto Kengo Kuma para a remodelação do edifício do CAM, e que designa “um espaço de passagem”, interior e exterior, encontrado nas casas tradicionais japonesas, explica a Fundação Gulbenkian.
Depois destes primeiros dias em julho, a temporada é retomada em setembro, com a artista Mieko Shiomi, de 84 anos, membro do Fluxus desde 1964 – movimento em que também se envolveu Yoko Ono –, que irá apresentar uma obra inédita, interpretada por músicos e artistas portugueses.
Também em setembro, a artista multidisciplinar Ami Yamasaki, que utiliza o próprio corpo como instrumento, traz a Lisboa a performance Manga Scroll, de Christian Marclay, e também uma performance a solo e em dueto com o músico Ko Ishikawa, um intérprete do instrumento Shõ.
Egnawa – Temporada de Arte Contemporânea Japonesa > Fundação Calouste Gulbenkian > Av. de Berna, 45A, Lisboa > 20-23 jul, qui-dom > programação completa em gulbenkian.pt/cam/engawa