Passados quatro anos desde a última edição, e dois adiamentos devido à pandemia, “o mundo vai ser nosso outra vez”, lê-se na fachada do restaurante Casa de Pedra, que nos próximos dias interrompe o seu funcionamento. A cidade do rock, no Parque da Bela Vista, prepara-se para abrir as suas portas no sábado, 18, num reencontro com o público que pretende ser ainda mais interativo.
Para os mais céticos, nada melhor do que se deixar conquistar pela barriga e por um quase festival gastronómico que decorrerá no Continente Chef’s Garden, ao lado da Casa de Pedra. Trata-se de uma praça de restauração (12h-2h), ao ar livre, com 400 lugares sentados à sombra, com a comida e o entretenimento de mãos dadas.
Nuno Nobre, curador do projeto, idealizou um tributo à biodiversidade, tradição e costumes, apostando na riqueza da alimentação portuguesa, representada pelos pratos de quatro chefes de cozinha. E que quarteto, este. Justa Nobre, Miguel Castro e Silva, Noélia Jerónimo e Vítor Sobral aceitaram o desafio de compor um menu temático com receitas sustentáveis, feitas com produtos sazonais e portugueses, sem esquecer o “desperdício zero”. Numa cozinha central são preparadas as comidas; a sua compra faz-se depois num balcão único. Na mesma refeição pode-se escolher um prato de cada chefe de cozinha, por exemplo.
Para representar a Terra, Vítor Sobral criou um hambúrguer de vitela arouquesa com cebola caramelizada, tomate, rúcula e queijo da ilha de São Jorge e fez questão de usar um pão de fermentação natural. A lasanha vegetariana promete ter muita saída, mas nada deve bater uma mousse de chocolate de Melgão com morangos confitados, flor de sal e açafrão dos Açores. Para uma “mulher da província”, como se descreve Justa Nobre, habituada a apanhar amoras e ameixas bravas, nada melhor do que o receituário da Floresta. Uma sopa de beterraba com amêndoas crocantes para começar, seguida de um travesseiro com cogumelos do bosque, abóbora e molho de tomate; sanduíche de peito de peru, legumes grelhados, pesto com manjerico e tremoço num pão de alfarroba de fermentação lenta; um delicado leite-creme de abóbora com frutos vermelhos.
Do Algarve, que melhor representante do Mar, se não Noélia Jerónimo? O polvo da ria Formosa ganha protagonismo num wrap com batata-doce e piso de coentros, enquanto a cavala assenta numa tosta feita com pão algarvio, cozido a lenha, da serra onde nasceu. Os Rios, tantas vezes esquecidos, são enaltecidos nos sabores do menu de Miguel Castro e Silva, com destaque para a sopa seca de lúcioperca (peixe com carne firme) e couve e uma tosta com peixe do rio em conserva. Apesar de não marcar presença no festival para cozinhar, Ljubomir Stanisic será o anfitrião do palco desta praça de restauração, recebendo convidados para conversas sobre alimentação, produtores, sustentabilidade, entre outros temas.
15 SEGUNDOS COM ASAS
Com tantas iguarias para provar no festival, o melhor é não subir ao Slide 7UP (12h-23h) depois de uma refeição. É importante que os adultos não deixem os mais novos de todas as idades irem para a fila, porque só os maiores de 16 anos é que podem deslizar nos cabos de aço. Atenção: quem tem entre 16 e 18 anos precisa de um termo de responsabilidade assinado por um progenitor. Mas há outros limites: as pessoas mais pesadas, a partir de cem quilos, aproximadamente, não poderão experimentar, assim como as muito muito altas, para prevenir grandes embates na chegada.
A empresa portuguesa MuitAventura, presente no festival desde 2012, estará a tratar de toda a segurança e equipamentos lá no alto das duas torres, com 14 metros de altura e outra com 6,5 metros, que estão a cerca de 180 metros de distância. A roldana mais rápida será usada pelas pessoas mais leves (menos de 60 kg), a mais lenta, pelos mais pesados (mais de 60 kg).
Aos menos destemidos é-lhes ensinado para não se atirarem, como se estivessem a cair. O truque é sentir a corda a esticar, ir soltando os pés e deixar-se deslizar. São cerca de 15 a 20 segundos de pura adrenalina para quem escolhe subir às alturas do slide que passa mesmo em frente ao palco principal do festival e por cima da multidão de público. 15 segundos de fama.
A NOSTALGIA DOS VIDEOJOGOS
No intervalo dos concertos, espera-se que miúdos e (tantos) graúdos descontraiam na zona reservada aos videojogos. Esse mundo virtual torna-se uma realidade na Game Square (12h-23h), uma zona composta por três partes. O palco principal está reservado para os mais “influenciadores” da temática, aqueles que marcam presença no YouTube, nas redes sociais e são verdadeiros fenómenos de popularidade. Torres, RicFazeres, TJI, Zorlak, Impakt, Shikai, Diogo Valsassina, Daizer, JoaoS92, Marina Sousa, MR. Remedy, Imauppa, Ritinha, JOliveira10, Nuno Agonia, Sara Rechena, Movemind, Zorlak e FOX, são apenas dos alguns nomes.
Há duas zonas de experimentação disponíveis para o público jogar: uma para jogos arcade, pinball, Tetris ou Metal Slug; outra para as consolas com Nintendo Switch Sports e Mario Strikers: Battle League Football, Game Pass da Xbox e o Lego Star Wars: The Skywalker Saga. Tudo isto acontece, sem limite de tempo, num cenário construído com estruturas já utilizadas em Rock Streets de outras edições em Portugal ou no Brasil, de forma a reaproveitar os materiais.
Na zona Omen by HP Experience, com 240 metros quadrados há mais de 20 computadores disponíveis para umas competições “a feijões”. Já no ESC Online Sports Bar faz-se uma refeição leve, menu kids incluído, além de se poder jogar clássicos, como Beer Pong, Air Hockey, matraquilhos, narrados por MC’s profissionais.
Quando vir um labirinto vermelho, perto do Digital Stage, eis que chegou ao Valorant, o jogo tático da Riot Games, com uma atividade e participação das cosplayers Xhemyd e Miacka. No labirinto – com a cerca com um metro de altura, aproximadamente, de maneira a que todos possam jogar, desde os mais novos aos mais baixinhos – importa encontrar uma chave codificada nas imagens espalhadas. Que ganhe o mais rápido.
A PANORÂMICA PERFEITA
A Roda Gigante Pisca Pisca (12h-24h) já é um clássico nos divertimentos do festival, mantendo-se no seguimento da colorida Rock Your Street, com propostas de várias culturas e regiões do mundo.
Nesta 9.ª edição do Rock in Rio há 24 cabinas temáticas a rodar pelo céu da Belavista, cada uma delas dedicada a um género musical, desde dance music, música latina, rock’n’ roll, pop até tiro liro liro. Entrando numa das cabinas, são os passageiros que tratam de personalizar a playlist, assim como receber companheiros surpresa durante a viagem e tirar fotografias.
Rock in Rio > Pq. da Belavista, Lisboa > 18-19, 25-26 jun, sáb-dom a partir 12h