1. Palácio de São Bento, Lisboa
No dia 25, os jardins da residência oficial do primeiro-ministro abre as suas portas com um programa grátis. Da música à dança, passando pelas artes visuais e workshops, promete-se uma tarde recheada de atividades para todas as idades. Entre as 14h30 e as 18h, haverá atuações dos Pauliteiros de Miranda, da Orquestra Sem Fronteiras, do grupo de percussão Bardoada e ainda do grupo de dança Meio no Meio. Às 15h, decorre o workshop de impressão de postais tipográficos e de cartazes pela Oficina do Cego – Associação de Artes Gráficas, numa homenagem às oficinas clandestinas de impressão e ao seu papel na resistência à ditadura. Está também programada uma leitura das Novas Cartas Portuguesas, de Maria Isabel Barreno, Maria Velho da Costa e Maria Teresa Horta, às 16h45, e uma exposição de cartazes do 25 de Abril da coleção do Arquivo Ephemera, de José Pacheco Pereira. O dia terminará com um concerto de Dino d’Santiago. Palácio de São Bento > R. Imprensa à Estrela, 6, Lisboa > 25 abr, seg 14h30-18h > grátis
2. Desenhos de Intervenção, de André Carrilho, Lisboa
Na galeria Passevite, André Carrilho expõe 30 desenhos da sua autoria, sobre vários assuntos de atualidade política, publicados na imprensa nacional e estrangeira com quem o ilustrador colabora, exemplo do Diário de Notícias, Revista Lisboa, Granta Portugal, Air Mail (EUA), ou a SOS Racismo. Alguns desenhos são inéditos.
As crises dos refugiados, os direitos das mulheres, o 25 de Abril, conflitos armados, racismo e xenofobia, a pandemia, alterações climáticas e liberdade de expressão são alguns dos temas abordados. “Face à constante indignação que a realidade nos provoca, por vezes só nos resta desenhar para não gritar. Cada uma destas imagens, algumas publicadas, outras inéditas, servem para procurar algum sentido no mais completo e violento absurdo da actualidade mundial”, pode ler-se no texto de apresentação da exposição Desenhos de Intervenção, com inauguração marcada para este sábado, 23. Para a ocasião, André Carrilho fez uma edição de autor de uma t-shirt comemorativa do 25 de Abril (€25), à venda no site e na galeria. Passevite > R. Maria da Fonte 54, Lisboa > T. 91 875 3471 > 23 abr-14 mai, qua-sáb 17h-20h > grátis
3. Exposição Proibido por Inconveniente, Lisboa
Algumas frases podem ser lidas ainda do lado de fora, na montra do edifício que durante tantos anos foi a sede do jornal Diário de Notícias. E é assim que se apanham os desprevenidos que passam pelo número 266 da Avenida da Liberdade, perto do Marquês de Pombal. São “frases relevantes”, nota José Pacheco Pereira, o homem que está à frente do Arquivo Ephemera e por detrás da exposição Proibido por Inconveniente. Frases que demonstram como a Censura, em Portugal, era para lá da política. “Entre a Oposição havia a tese de que a Censura eram uns coronéis pouco cultos, mas eles tinham campainhas na cabeça que tocavam sobretudo quando era algo inconveniente”, lembra o historiador, ele próprio censurado em várias ocasiões. “A Censura era de tudo o que punha em causa as relações com as autoridades, fosse o que fosse.”
Livros e os despachos sobre eles, cortes da Censura nos periódicos, a Censura na publicidade, nos filmes e nas músicas – há de tudo um pouco nesta exposição comissariada por Júlia Leitão de Barros e Carlos Simões Nuno. Material mais do que o suficiente para se perceber que se cortava sistematicamente tudo o que gerasse comoção. R.R. Edifício Diário de Notícias > Av. Liberdade, 266, Lisboa > até 27 de abril, seg-dom 11h-18h > grátis
4. Museu do Aljube, Lisboa
O Museu do Aljube celebra o 25 de Abril com uma série de visitas e exposições orientadas. Neste sábado, 23, 10h30, está marcado o passeio “Pelas Ruas de Abril”. Com início no Largo da Boa Hora, segue para o Largo do Carmo, Largo da Misericórdia e termina na Rua António Maria Cardoso, com passagem por lugares que marcaram a revolução e o processo revolucionário de 1974 e 1975. Na segunda, 25, a partir das 10h30, há visitas orientadas ao museu e, às 11h, o lançamento do livro Reconstituição Portuguesa, um manifesto que transforma um símbolo do fascismo em gritos poéticos de liberdade. Viton Araújo e Diego Tórno lideraram um conjunto de poetas e ilustradores que, inspirados na técnica de blackout poetry, reformaram a Constituição de 1933 de forma a que dela só se erguessem os valores de Abril.
No sábado e no domingo, dias 23 e 24, entre as 16h e as 20h, o Museu do Aljube convida o público a beber um cocktail revolucionário, a dançar ao som de músicas de intervenção com Luís Varatojo, DJ Cândido aka DIDI, Surma e Tó Trips, e também a escrever, desenhar ou colar as suas próprias palavras de ordem, em três murais improvisados, sob orientação de Ondjaki (escrita), Nuno Saraiva (desenho) e Inês Vieira da Silva (colagem). A entrada é livre. Museu Do Aljube > R. de Augusto Rosa, 42 > T 21 581 8535 > 23-25 abr > grátis, mediante inscrição (inscricoes@museudoaljube.pt)
5. Mais um Dia, Teatro São Luiz, Lisboa
No Chiado, o Teatro São Luiz assinala o tempo já vivido em democracia com espetáculos, debates e uma sessão a não perder: Alberto Manguel à conversa com Margaret Atwood. O programa Mais Um Dia, com curadoria de Tiago Bartolomeu Costa, estende-se à exposição 48 Memórias, a ocupar vários espaços do teatro (e também com presença online): 48 momentos de afirmação e resistência ao regime espelhados em fotografias, documentos, figurinos e áudios do São Luiz (as visitas guiadas à exposição, de entrada livre, são sujeitas a inscrição e acontecem no domingo, 24, às 14h30 e às 17h, e nos dias 26 e 29 de abril, às 18h). A destacar ainda o espetáculo Memórias de uma Falsificadora, com encenação de Joaquim Horta, a partir do livro homónimo de Margarida Tengarrinha (23-30 abril, seg-sáb 19h30, dom 16h).
Neste sábado, 23, está marcado um encontro entre o bibliófilo Alberto Manguel, diretor do Espaço Atlântida — Centro de Estudos de História da Leitura, e a escritora canadiana Margaret Atwood, que através da poesia, romances e ensaios se tem debruçado sobre censura, regimes opressivos e identidades sexuais. A atualidade estará muito presente e, diga-se, não faltará pano para mangas (entrada livre sujeita à lotação da sala e com levantamento de bilhete no próprio dia na bilheteira do Teatro a partir das 14h, máximo 2 bilhetes por pessoa). I.B. São Luiz Teatro Municipal > R. António Maria Cardoso, 38, Lisboa > T. 21 325 7650 > até 30 abr > grátis, espetáculo €12
6. Festival Política, Cinema São Jorge, Lisboa
Em tempo de guerra, o assunto não podia ser mais atual. Com o lema “cuidado com as mensagens, atenção aos mensageiros”, o Festival Política – que volta ao formato presencial, no Cinema São Jorge – vai dedicar-se ao tema da desinformação. Como sempre, o cinema domina a programação (tudo grátis) e este ano há para ver, por exemplo, a estreia do documentário de Tiago Pereira A Música Invisível, filmado junto de comunidades ciganas; O Teu Nome É, de Paulo Patrício, sobre o homicídio da mulher trans Gisberta no Porto, em 2006; e Alcindo, de Miguel Dores, sobre a morte de Alcindo Monteiro, às mãos de skinheads, a 10 de junho de 1995.
Mas há mais motivos de interesse no programa deste festival apostado em trazer a política para o palco central, a pensar sobretudo nas gerações mais jovens. No espetáculo A Grande Mentira (sáb, 23), o humorista Hugo van der Ding promete “uma viagem aos grandes mitos e enganos da nossa História”. Pauliana Valente Pimentel mostra os seus retratos de jovens transgénero na ilha de São Vicente, Cabo Verde, na exposição Quel Pedra. Em Cara a Cara qualquer pessoa pode conversar, durante cinco minutos, com deputados da Assembleia da República (uma atividade sujeita a inscrição). P.D.A. Cinema São Jorge > Av. da Liberdade, 75 > T. 21 310 3400 > até 24 abr, dom > grátis, bilhetes disponíveis no próprio dia no local > Programa completo em festivalpolítica.pt
7. Fundação José Saramago, Lisboa
A Fundação José Saramago assinala as comemorações do 25 de Abril, neste sábado, 23, com um programa especial, começando às 11h30 com uma oficina de construção de cartazes, organizado pela Oficina do Cego. Durante a tarde, às 15h, será realizado um passeio pedestre pela parte lisboeta do Roteiro Levantado do Chão. Em seguida, no auditório da Fundação, haverá uma sessão sobre os presos políticos de Montemor-o-Novo e o romance Levantado do Chão. Ao fim do dia, às 18h30, haverá a apresentação do livro Palavras contra o Racismo. A entrada é livre, sujeita a lotação. Fundação José Saramago > Casa do Bicos, R. dos Bacalhoeiros, 10, Lisboa > T. 21 816 1767 > 23 abr, sáb > grátis
8. Concerto 80 Anos Manuel Freire, Museu do Oriente, Lisboa
Manuel Freire musicou o poema de António Gedeão, Pedra Filosofal, um dos temas que se tornou um dos hinos da luta contra a ditatura fascista. Para festejar os 80 anos do músico está marcado um concerto de entrada grátis no Auditório do Museu do Oriente, a partir das quatro da tarde deste sábado, dia 23. No espetáculo, participam Paulo Vaz de Carvalho, Carlos Alberto Moniz, Marcos Oliveira e a Brigada Victor Jara. Museu do Oriente > Doca de Alcântara Norte, Av. Brasília, Lisboa > 23 abr, sáb 16h > grátis, mediante levantamento de bilhetes no local a partir das 14h
9. Concertos de Sérgio Godinho e Lena d’ Água, Porto
As celebrações organizadas pela Câmara Municipal e a Comissão Promotora das Comemorações do 25 de Abril no Porto começam na noite de domingo, 24, às 22 horas, com Sérgio Godinho a atuar na Avenida dos Aliados, onde apresentará temas conhecidos bem como do seu último álbum, Nação Valente. Nessa mesma noite, o Coral de Letras da Universidade do Porto apresentar-se-á em palco para tocar o hino da Revolução dos Cravos, de Zeca Afonso, Grândola Vila Morena. À meia-noite, haverá um espetáculo de fogo-de-artifício.
Na segunda, 25 de Abril, feriado, o dia arrancará com atividades gratuitas para os mais jovens a partir das 10h na Praça do General Humberto Delgado. Pelas 14h30, o Museu Militar do Porto organiza o Desfile pela Liberdade a partir do antigo edifício da PIDE, na Rua do Heroísmo, em direção à Avenida dos Aliados, onde haverá dois concertos: Comvinha Tradicional (15h) e os Chulada da Ponte Velha (às 16h). Nesse mesmo dia, a Associação de Moradores da Bouça recebe um concerto de Lena D’Água (às 17h) com músicas do seu álbum Desalmadamente e outras bem conhecidas, como Sempre que o amor me quiser ou Robô. A atuação da cantora e compositora está integrado no ciclo Cultura em Expansão (grátis, mediante levantamento de bilhete no local). Sérgio Godinho > Avenida dos Aliados, Porto > 24 abr, sáb 22h > Lena D’Água > Associação de Moradores da Bouça, R. de Burgães, 345, Porto > 25 abr, seg 17h > grátis
10. Música & Revolução, Casa da Música, Porto
O ciclo – que alia as comemorações do Maio de 68 à Revolução de Abril -, conta com três concertos que espelham a pluralidade estética da época, com obras escritas na altura do movimento estudantil e político em França. Nesta sexta, 22, às 21 horas, o Coro e o Remix Ensemble interpretam, entre outras, Hallelujah, uma das obras corais mais importantes do compositor argentino Mauricio Kagel. No dia seguinte, 23, às 18h, o Remix junta-se à Orquestra Sinfónica e, de novo, também ao Coro, para interpretarem Songs, Drones and Refrains of Death, do americano Georg Crumb, explorando texto e som numa narrativa vanguardista e, Credo, para coro, piano e orquestra, do estoniano Arvo Part. O ciclo encerra no domingo, 24, com a música da Orquestra Sinfónica e as vozes do Coro Casa da Música a cantarem as duas últimas canções para coro e capella do compositor americano Samuel Barber, Duas Canções, op. 42, a música do belga Henri Pousseur e, entre outras, as obras Libre pour cordes, do francês Pierre Boulez, e Chemins III, do italiano Luciano Berio. F.A. Casa da Música, Av. da Boavista, 604-610, Porto > T. 22 012 0220 > 22-24 abr, sex-dom > €14