O ritual mantém-se há dez meses na Casa Fernando Pessoa, em Lisboa. De segunda a sexta, quando soam as quatro da tarde, abrem-se livros, procuram-se cantos sossegados, verificam-se os contactos, pega-se no telefone e liga-se. As Leituras ao Ouvido surgiram em meados de março, quando a primeira vaga da pandemia nos fechou em casa. Nessa altura, em que se multiplicavam iniciativas culturais nas redes sociais e na internet, a casa onde viveu o poeta, em Campo de Ourique, decidiu usar uma tecnologia mais antiga, o telefone, para ler poemas e histórias a quem estava em casa.
Os telefonemas são curtos, cerca de dez minutos: saúda-se quem está do outro lado, fazem-se propostas para as leituras do dia, quem ouve escolhe. Podem ser textos de prosa, contos curtos, excertos de romances, poemas, não só de Fernando Pessoa e seus heterónimos, mas também de outros poetas contemporâneos – desde que sejam livros fáceis de encontrar. Aos interessados, basta ligar ou enviar um email, durante a semana, e inscrever-se. Depois, a equipa devolve a chamada no próprio dia ou nos dias seguintes.
Passados dez meses, o ritmo abrandou, mas as Leituras ao Ouvido vão manter-se: “Temos ouvintes regulares, de todo o País. São sobretudo pessoas mais velhas, que vivem sozinhas”, diz Margarida Ferra, responsável de comunicação.
Leituras ao Ouvido > Casa Fernando Pessoa > R. Coelho da Rocha, 16-18, Lisboa > Inscrições T. 91 434 2537 (seg-sex 10h-18h) ou pelo email info@casafernandopessoa.pt