É a festa dos livros, na cidade das palavras. À 13º edição, o Escritaria, festival literário de Penafiel que decorre até domingo, 25, terá uma configuração diferente, ditada pelas atuais circunstâncias. “É uma edição minimalista”, lamenta Antonino de Sousa, presidente da Câmara de Penafiel, na qual “se perde a partilha e a proximidade” com os escritores. Na prática, o programa deixa o espírito informal, mas ganhará um outro protagonismo nas plataformas digitais, que vão difundir os momentos principais.
Nesta edição, haverá arte pública, novas publicações, histórias de palco, documentários e muitas conversas à volta dos livros. “No essencial, pretendemos manter a matriz que é mostrar o trabalho de um escritor vivo, da lusofonia”, continua Antonino de Sousa. Mário Zambujal, descrito como “um dos mais carismáticos prosadores portugueses”, é o autor homenageado deste ano, cuja vida e obra irá “contaminar” a cidade.
São quatro décadas dedicadas à escrita de livros, depois de ter passado pelas redações de jornais, como O Diário de Lisboa e do semanário Se7e, e apresentado diversos programas de televisão. Mário Zambujal assinou, entre outros, títulos como Crónica dos Bons Malandros, cuja rodagem para televisão está a decorrer, Histórias do fim da rua, Fora de mão, Uma noite não são dias e Rodopio, o mais recente livro, cujas personagens vão emprestar uma outra cor às ruas de Penafiel.
O programa, que marca esta edição, inclui as Conversas na Eira, com o jornalista Fernando Alves e Mário Zambujal, na Quinta da Aveleda (23 out, sex 21h30) e a inauguração da exposição Mário Zambujal: O Retrato Possível de um Bom Malandro, com ilustrações de Bruno Santos, seguida de leituras encenadas, na Biblioteca Municipal (24 out, sáb 11h). Será ainda lançada a reedição do livro Uma noite não são dias, no Museu Municipal, no sábado, 24, às 17 horas, e exibido o filme Crónica dos Bons Malandros, no Cinemax, às 21 horas.
Penafiel, cidade literária
No âmbito do Escritaria, será lançado O Mapa dos Livros, um guia literário de Penafiel, que é um convite a explorar a cidade através do olhar de escritores da cidade, bem como de inúmeros autores que por ali passaram. É um mapa bilingue, com ilustrações de Mariana Dimas, criado pela cooperativa cultural Bairro dos Livros. “É uma redescoberta de Penafiel em torno da literatura, e a propósito da literatura, que nos identifica”, sublinha Antonino de Sousa.
A proposta envolve explorar Penafiel para conhecer o património literário do território, a partir de autores, de personagens, de lugares e histórias. Com eles, parte-se à procura das termas de Entre-os-Rios, lugar de eleição de Ferreira de Castro, da lápide de Zara Araújo, onde está o poema português de Antero de Quental mais traduzido em todo o mundo, ou de uma das mais pequenas igrejas romanas da Península Ibérica, à qual Miguel Torga chamou de “brinquedo divino.”
Lembrado será também o serviço militar de Ruben A. e de Jorge de Sena em Penafiel, ou a luta de Eça de Queirós com as pulgas no Hotel Central. Não é só um percurso, são vários, em cerca de 200 páginas, que levam a olhar Penafiel de um outro ângulo. A primeira edição será apresentada por Germano Silva e Adelaide Galhardo no Cinemax, com transmissão on-line (22 out, qui 21h30). O Mapa dos Livros (€20) estará disponível no Museu e na Biblioteca Municipal de Penafiel, bem como nos postos de turismo da cidade. Ainda nesta noite, o Bairro dos Livros mostrará o documentário Escrita pela Pedra, sobre a Lhotra, código oral secreto de trolhas e pedreiros de Penafiel, com leituras de Aureliano Costa.
Já nesta terça, 20, caberá a Adelaide Galhardo moderar a conversa com Adélia Carvalho, Alberto S. Santos e Bruno Santos, no Museu Municipal, com transmissão em direto nas redes sociais, a partir das 21h30. A cidade literária volta a sair à rua, num mapa de histórias, lugares e afetos, para percorrer com os sentidos.
Festival Literário Escritaria > Vários locais Penafiel > até 25 out, dom > www.facebook.com/municipiopenafiel > www.facebook.com/Escritaria > grátis