Para entrar no número 42 da Rua General João de Almeida, de frente para o Palácio dos Condes da Calheta, na Ajuda, é preciso subir oito degraus. Só os contei porque fiquei espantada com o que foi possível encaixar em tão pouco espaço. Na altura nem registei que os degraus são de calçada portuguesa – apenas dei pelo contraste que todo aquele verde fazia no branco do lioz. Antes de reparar neste jardim em ponto pequeno já tinha invejado muitas portas na Mouraria e outras tantas varandas no Bairro Alto, mas nunca vira tanta variedade de plantas. Desta vez, pensei, só os conhecimentos da minha irmã Catarina, arquiteta paisagista, me salvariam.
E pensei bem. Além da nespereira, do pessegueiro (sim!), das várias sardinheiras, da buganvília e do hibisco, só ela teria paciência para me ensinar que aquele miniarbusto glauco, com agulhas, é uma Santolina chamaecyparissus, ou que os malmequeres brancos e roxos se chamam Aster.
Claro que poderia ter recorrido à PlantSnap, mas nunca a aplicação me diria coisas como “Estás a ver a Justicia brandegeeana? São aqueles camarões que havia no jardim da avó Germana.” Haja sol para atentar nas soleiras de portas, mesmo nas que não têm a sorte de ter por vizinho o Jardim Botânico Tropical (de Belém).