Um “conceito colaborativo entre instituições artísticas nacionais e internacionais”. Ou uma “ágora de circulação do pensamento, de descoberta, de fantasia e de festa”. É sempre assim, de modo abstrato, difuso e aberto à interpretação, que se descreve a Bienal de Artes Contemporâneas (BoCA, na sigla em inglês), que pretende constituir uma inovação para as artes e que estreia no mês de março em Lisboa e no Porto.
Um projeto de cooperação entre museus, galerias, teatros e discotecas nacionais, o BoCA é um projeto fundado e coordenado pela direção artística de John Romão com uma programação transversal: artes visuais, música, teatro e cinema terão lugar neste movimento que, segundo o criador, pretende refletir sobre “o entorno sociocultural contemporâneo” e promover “os processos de construção artística do presente e do futuro”.
A programação de difícil definição é concretizada em instalações e performances que começam já nesta sexta-feira, 17: no Museu Nacional de Arte Antiga, abre a exposição Pinball Bosch, uma máquina de jogos estilizada pelo imaginário do pintor holandês; já na discoteca LUX Frágil, estreia-se a performance do chinês Tianzhuo Chen, em colaboração com a nepalesa-tibetana Aïsha Devi e o coletivo Asian Dope Boyz, uma mostra de arte contemporânea oriental que mistura a cultura pop com a simbologia religiosa.
Ainda na sexta-feira, 17, os Von Calhau! abrem, no Teatro da Politécnica, uma performance que desafia os conceitos de original e cópia, de nome Tau Tau; ao mesmo tempo que, nas cidades de Lisboa e do Porto, se instala o projeto de Aram Bartholl, uma rede de pen-drives cimentadas às paredes de locais anónimos, às quais podem ser conectados aparelhos eletrónicos para desvendar o seu conteúdo secreto.
Do mesmo modo se desenvolve o resto do BoCA: concertos, campeonatos, filmes, exposições e danças sediados em locais tão díspares quanto a Casa da Música, o Museu dos Coches ou o Cinema São Jorge. São “40 instituições culturais nacionais e internacionais, reforçando deste modo a importância nuclear destas entidades, que são lugares relacionais na essência, e por isso desempenham um papel primordial na vida das pessoas”, explica John Romão.
Para além da vertente performativa e lúdica, o projeto apresenta ainda um programa educativo de maneira a que os alunos de universidades e escolas profissionais façam parte da criação das exposições do festival. Uma iniciativa que, até ao final de abril, pretende alastrar-se de Lisboa e Porto para todo o País. Nas palavras de Romão, “apresenta-se como um laboratório de democratização cultural” que “permite levar mais longe o retorno de todo o investimento de artistas e participantes”.
BoCA – Bienal de Artes Contemporâneas > vários locais de Lisboa e Porto > 17 mar-30 abr