Que universidade é esta?
Em 2017 estamos a lançar esta ideia da importância do espectador. E sublinhamos o facto de que, às vezes, o conhecimento nos chega de forma imprevisível e pouco mensurável.
Com que propósito é que nasceu o projeto?
Queríamos tornar a presença das Comédias do Minho mais visível e forte nos cinco municípios [Melgaço, Monção, Paredes de Coura, Valença e Vila Nova de Cerveira]. Uma das formas foi através desta Universidade Invisível, que consiste na ocupação, durante um fim de semana, de um dos municípios, com formações teóricas que se desenvolvem em torno de um tema e de um género artístico, mas também espetáculos, conversas, filmes e uma feira do livro.
Há um intuito pedagógico?
Sim, queremos chegar a públicos diferentes, de formas diferentes. Se calhar há pessoas que querem passar por tudo isto, desde as formações aos espetáculos, e há outras que vão passar apenas por algumas destas atividades. Ao estarmos ali com esta diversidade de atividades, a vontade é que elas possam chegar a pessoas de faixas etárias, formações, disponibilidade de tempo e interesses diferentes.
Como funcionarão as inscrições?
A primeira formação teórica, marcada para este fim de semana, está esgotadíssima. O limite seriam 30 pessoas (5 inscrições por município, mais 5 de pessoas que pudessem vir de fora do território), a partir dos 15 anos, por ordem de chegada e, neste momento, já estão 40 pessoas inscritas. Para as restantes atividades, basta aparecer.
Como será esta próxima formação?
A formação teórica vai concentrar-se, numa primeira fase, na tal abordagem à ideia de espectador, um bocadinho a abrir o percurso para todas as formações. Depois, vai ter um segundo momento mais focado nas artes visuais. Um dos comentários mais frequentes perante a arte contemporânea (e durante o meu percurso profissional acompanhei muitas visitas guiadas) é “isto é arte?”, seguidinho do “isto também eu fazia!”. Vamos partir desta indignação, viajar por algumas obras de arte, para depois voltarmos ao nosso tempo, para que, independentemente de se gostar ou não (isso não está em causa), eventualmente pareça menos estranho e se questione essa rejeição ou recusa.
Nas restantes atividades, há uma relação com a temática?
Há questões que se tocam de forma mais ou menos visível. Depois da formação abrimos para o público em geral. Começamos com um espetáculo, Utopia [para jovens dos 10 aos 15 anos]. De tarde, assistimos a Modos de Ver, a famosa série de televisão criada pelo John Berger, que se relaciona com tudo isto, e depois temos uma conversa. Terminamos com a peça Philatélie, da mala voadora, com muitas referências à arte visual.
A propósito do papel do espectador, que transformações gostaria de assistir?
Primeiro, gostava que as pessoas não tivessem medo de criar uma relação com a obra de arte, que é individual e única, e se sentissem à vontade para perguntar, para conversar sobre. E, sobretudo, percebessem que a maior parte das obras de arte não prescinde da dificuldade, do esforço e da persistência. E é esta consciência que eu gostava muito de trabalhar este fim de semana.
O Encontro com a Obra de Arte. Isto é Arte? > Vila Nova de Cerveira > 3-4 fev, sex 21h-23h, sáb 10h-13h-15h-16h30 > Inscrições: www.comediasdominho.com > grátis
Que teatro é este? > Valença > 3-4 mar
Performance ?! O que é? > Paredes de Coura > 28-29 abr
Que música é esta? > Monção > 15-16 set
Que cinema é este? > Melgaço > 20-21 out
Que dança é esta? > Paredes de Coura > 1-2 dez