Como a tantos de nós, também a pandemia alterou por completo os planos do brasileiro Silva, que, neste ano, deveria ter andado em digressão pela Europa, com dois concertos finais agendados para Porto e Lisboa. Até o projeto para um álbum novo passava por algo “completamente diferente”, como revelou à VISÃO, contando que só quando se viu trancado em casa é que Cinco começou a ganhar forma. “Todos tivemos de aprender a lidar com a solidão de um modo completamente novo, e eu tive a sorte e o privilégio de poder dedicar-me a estas canções que, de certa forma, me ajudaram a manter a sanidade mental”, contou.
Como o nome indica, trata-se do quinto álbum de originais do músico, cantor e compositor brasileiro, que, como habitualmente, foi composto em parceira com o irmão, Lucas, mas tocado, produzido e misturado em casa pelo próprio – “de forma analógica” e num “processo de total aprendizagem”. Apesar de alguns dos temas já serem pré-pandemia, não deixa de ser notória uma certa melancolia, presente ao longo de todo o disco, que nem a igualmente notória variedade musical e a presença de um naipe de convidados de luxo, como Anitta, João Donato e Criolo, conseguem disfarçar.
O resultado disto tudo é, porventura, um dos mais variados e completos trabalhos de Silva, pelo modo como mistura soul, ska, bossa nova, jazz ou samba, sem nunca perder o norte à música popular brasileira, e que tem tudo para se tornar uma referência na discografia do artista de 32 anos, já há muito considerado um dos grandes nomes da tal nova MPB.