1. Menino Menina, de Joana Estrela
Azul ou cor-de-rosa? Mais importante será perceber se é guloso ou gulosa, lê-se nesta pequena pérola. Joana Estrela, ilustradora premiada e bem-humorada, já fez os mais novos encontrarem temas como a desinformação em Propaganda (2014) e a “batatada” entre irmãs em Mana (2016). Agora, criou uma reflexão colorida e com mensagens diretas sobre a identidade de género. “Entre gostos e cores, cada um com os seus amores”, já dizia a avó. “A resposta não está debaixo da roupa”, sublinha a autora. Uma lição de liberdade e tolerância, porque é de pequenino… Planeta Tangerina > 48 págs. > €12,90
2. O Ickabog, de J. K. Rowling
Um rei muito louro, fotogénico e influenciável que desconhece as vidas dos súbditos mais desfavorecidos? Onde é que já vimos isto? A autora de Harry Potter foi buscar uma história inacabada ao sótão, completou-a e disponibilizou-a online gratuitamente durante o confinamento. Na edição impressa, esta ganhou 34 ilustrações de jovens leitores portugueses, criadas para a história sobre um monstro lendário que ninguém vira antes, duas crianças enviadas para um orfanato, e uma demanda que separa bondosos e gananciosos. Editorial Presença > 308 págs. > €18,90
3. Espera, Miyuki, de Roxane Marie Galliez (texto) e Seng Soun Ratanavanh (ilustração)
Folhear as páginas deste livrinho encantador tem um efeito terapêutico: o leitor experimenta um desaceleramento que mimetiza as palavras do avô da pequena protagonista. Miyuki está encantada com a chegada do primeiro dia de primavera no jardim, onde as flores de cerejeira ou de erva-doce acordam do longo sono. Mas há uma misteriosa flor ainda em botão, sem vontade de desabrochar. Diz o avô: “Espera, Miyuki. Nem todas as flores dançam ao mesmo tempo. Esta é frágil e preciosa, está à espera da água mais pura para acordar as suas pétalas.” Mas ela, impaciente, aventura-se pela paisagem em busca de soluções e águas milagrosas. Fábula sobre o valor da paciência, e a sabedoria de aceitar que há um tempo para tudo, está imbuída de poesia, textual e visual, influenciada pela iconografia oriental. As ilustrações a lápis e aguarela são habitadas por papoilas gigantes, caracóis, padrões delicados – e, nas entrelinhas, recordam-nos que a criação é, também, um processo lento. Orfeu Negro > 32 págs. > €14,50
4. No Alto da Árvore, de Margaret Atwood
Antes de escrever sobre servas e autocracias, Margaret Atwood fez o que tantas mães fazem: inventou uma história para a sua bebé de 22 meses. Originalmente publicado em 1978, desenhado pela própria escritora em tons azuis e vermelhos, No Alto da Árvore é uma história de rimas simples sobre nunca se estar satisfeito com o que se tem: um menino e uma menina desfrutam das estações por entre os ramos da árvore, até ao dia em que um par de castores lhes rouba a escada. O chá acaba, o tédio instala-se, eles querem descer. No chão, descobrem que o que desejavam era estar outra vez lá no alto. Ponto de Fuga > 64 págs. > €14,40
5. Amália Rodrigues Um Lugar Misterioso, de Sónia Graça (texto) e Paulo Monteiro (ilustração)
Em ano de centenário de nascimento da fadista, eis uma biografia ilustrada pensada para os mais jovens. A história da menina “que nasceu triste e pobre, num pobre e triste país, onde se proibiam livros, poemas e canções”, passa por Alcântara e pelo Avô Rebordão, pelas ruas castiças com varinas, marinheiros e vendedores de castanha de Lisboa, até aos palcos internacionais em que “o microfone fixo desaparece e Amália solta-se”, em traço minimal e tons azuis que sublinham o blues existencial. Pato Lógico > 82 págs. > €11
6. Astérix − O Menir de Ouro, de René Goscinny (texto) e Albert Uderzo (desenhos)
Para quem aguarda uma nova BD dos irredutíveis gauleses, a espera mantém-se. O Menir de Ouro é um álbum ilustrado de 1967, graficamente modernizado e com cenas familiares expandidas em página dupla (Obélix a dar cabo de uma legião de romanos…), e com um código QR para ouvir a versão áudio do vinil da edição original. Os gags são familiares: o bardo Cacofonix concorre a um festival da canção, onde, acredita, aplaudirão as “harmoniosas ondas” do seu canto (a tradução usa temas reconhecíveis como Sobe sobe balão sobe…). Asa > 48 págs. > €10,90
7. O Que Vamos Construir, de Oliver Jeffers
Eis um manifesto com o característico traço gentil e o humor benigno do autor australiano. Ou, citando o subtítulo, Planos para um Futuro Comum. Inspirado na sua filha Mari, esperançoso de que ela cresça num mundo não patriarcal (Jeffers afirmou-o em entrevista), escreveu um poema ilustrado sobre a construção de projetos idealistas: um adulto e uma criança criam um abrigo para bens preciosos, uma estrada até à Lua, uma fortaleza para repelir inimigos (que, depois, são convidados para tomar chá), tudo com ferramentas e afetos. Orfeu Negro > 48 págs. > €15
8. Youth Quake – 50 Crianças e Jovens que Revolucionaram o Mundo, de Tom Adams (texto) e Sarah Walsh (ilustrações)
Este livro facilitará a vida a quem acredita que um bom presente para a geração sub-13 deve ter uma componente pedagógica. Sem preocupações cronológicas, arrumam–se aqui biografias ilustradas com textos sobre o “momento decisivo” em que jovens provocaram um qualquer terramoto. Mas “algumas destas crianças tiveram de fazer escolhas difíceis para conseguirem sobreviver” ou criar coisas nunca antes vistas, ou liderar, recordam os autores. Nesta enciclopédia eclética, há figuras monumentais (Mozart, Picasso), incontornáveis como Greta Thunberg e Malala, “desconhecidas” como Mohamad Al Jounde (refugiado sírio, aos 12 anos criou uma escola para deslocados no Líbano) ou ainda Claudette Colvin, uma estudante afro–americana do Alabama que, em 1955, se recusou a ceder o seu lugar no autocarro a uma mulher branca – nove meses antes de Rosa Parks ter feito história. Minotauro > 112 págs. > €14,90
9. O Reino das Cores, de Valter Fogato (texto) e Isabella Grott (ilustrações)
Há expedições exóticas que podem ser realizadas a partir do sofá, sentados com um livro aberto nos joelhos. O Reino das Cores é uma luxuriante aventura visual, que transporta leitores de qualquer idade para as geografias distantes da savana, da floresta tropical ou do mar profundo. A Natureza é um museu ao ar livre, povoado de obras de arte vivas, recriadas com desenho realista e cores saturadas: as “armadilhas multicoloridas” dos escaravelhos, a penugem das aranhas-pavão, as riscas fatais da cobra-coral… Uma festa para os olhos. Bizâncio > 40 págs. > €14
10. Capitão Rosalie, de Timothée de Fombelle (texto) e Isabelle Arsenault (ilustrações)
Uma história comovente e muito bem contada, passada num contexto pouco habitual na literatura infantojuvenil contemporânea: a da Grande Guerra Mundial que, em 1917, ensombrava a vida de milhares. Rosalie tem 5 anos, cabelo ruivo como uma chama que se destaca nos desenhos desvanecidos (ecoando a tristeza e o cinzentismo dominantes). O pai está na guerra, a mãe trabalha na fábrica, e a solitária Rosalie sonha com uma medalha e com uma missão: aprender a ler, para descobrir a verdade nas cartas que chegam da frente de combate. Orfeu Negro > 72 págs. > €12,90