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D.R.
1. Black Pumas, de Black Pumas
Pode uma música tão datada, como a dos anos dourados da soul, soar a algo novo e, ainda assim, permanecer fiel aos cânones? A resposta, afirmativa, é dada pelo disco de estreia deste duo do Texas, cujo nome parece remeter para os Black Panthers, o grupo ativista pelos direitos civis dos afro-americanos, também ele contemporâneo da soul que agora replicam, à luz de uma atualidade feita de loops de bateria e guitarra com alguns samplers à mistura. Os Black Pumas são o guitarrista e produtor Adrian Quesada, que também tem a seu cargo toda a maquinaria, e o vocalista e, igualmente, guitarrista Eric Burton, cuja voz facilmente remete para nomes clássicos como Sam Cooke ou Otis Redding. Inicialmente pensado por Adrian como um projeto de estúdio inspirado pelo trabalho dos Wu-Tang Clan, também eles verdadeiros arqueólogos da soul, depressa evoluiu, com a entrada de Eric, para uma banda a sério. O resultado disto tudo é este brilhante trabalho homónimo, cujo maior mérito é o de nunca cair no engodo fácil da nostalgia – muito pelo contrário. M.J.
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Immunity, de Claire Cottrill
D.R.
2. Immunity, Claire Cottrill
Como tantos outros artistas da sua geração, a norte-americana Claire Cottrill deu-se a conhecer na internet, com um tema, Pretty Girl, que em pouco tempo atingiu mais de 30 milhões de visualizações. A cantautora do Massachusetts não precisou, no entanto, de muito tempo para provar que não era mais um mero fenómeno viral, como agora se chama ao que antigamente era conhecido como one hit wonder. Primeiro com o EP Diary 001, editado há pouco mais de um ano, no qual reunia alguns dos temas que foi dando a conhecer no YouTube. E especialmente com este álbum de estreia, que finalmente a descola da bedroompop dos tempos iniciais. Em Immunity, Claire revela-se finalmente uma artista mais aberta a outras sonoridades e influências (do mais moderno R&B à dream pop dos anos 90 e 2000), embora mantendo o mesmo minimalismo nos arranjos e a mesma melancolia nas letras, por vezes a raiar a tristeza. Mas agora com uma frescura e uma discreta grandiosidade que tornam canções como Closer to You, Bags ou Sofia algo muito próximo da perfeição pop – o que, com apenas 20 anos, é obra. M.J.
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Grieg & Mendelssohn – Piano Works, de Denis Kozhukhin
D.R.
3. Grieg & Mendelssohn – Piano Works, de Denis Kozhukhin
A arte da miniatura também existe em música, e tem os seus especialistas. Grieg (1843-1907) é um nome associado a peças sugestivas de atmosferas límpidas que conseguem, em escassos minutos ou até menos, produzir uma recordação musical inesquecível. Aqui a gravação de referência, sempre disponível, é a do russo Emil Gilels na Deutsche Grammophon. Denis Kozhukhin, outro russo, junta, neste disco com a marca da editora Pentatone, Grieg a outro compositor de melodia fácil, o alemão Felix Mendelssohn (1809-1847), que teve o azar de ter nascido rico e conhecer um enorme sucesso no seu tempo, ainda por cima morrendo cedo, o que o expôs a preconceitos vários (o facto de ser judeu não ajudou). Em abono da verdade, alguma monotonia do seu estilo não é alheia a essa má fortuna. Nas mãos certas, porém, mesmo as peças curtas de piano adquirem feição não apenas estimável como excitante. É o caso aqui. L.M.F.
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Correspondence, de Jens Lekman e Annika Norlin
Créditos: D.R.
Créditos: D.R.
4. Correspondence, de Jens Lekman e Annika Norlin
Correspondence já saiu há alguns meses mas passou algo despercebido, o que procuramos aqui remediar. O disco nasceu da amizade de dois músicos suecos, Annika Norlin e o mais conhecido Jens Lekman que, a convite deste, decidiram iniciar uma relação epistolar, mas usando músicas em vez de cartas. O trabalho arrancou em janeiro de 2018, quando Lekman partilhou publicamente a primeira canção, à qual Norlin respondeu em fevereiro, e por aí adiante. Já este ano, o duo remisturou o conjunto de 12 canções e acrescentou ligeiros arranjos de cordas, editando este disco a quatro mãos. O resultado é um trabalho íntimo, terno, feito de coisas profundas e mundanas, de lembranças da infância e dos dramas da idade adulta. É a banda sonora de uma amizade, num dos discos mais bonitos que ouvimos este ano. T.F.
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Coltrane 58, The Prestige Recordings, de John Coltrane
D. R.
5. Coltrane 58, The Prestige Recordings John Coltrane
Uma das soluções encontradas pela indústria discográfica para contrariar a acentuada quebra de vendas de CD, na sequência da revolução digital, foi o investimento em objetos apelativos, que apetece ter – seja pela qualidade do design ou pelos materiais inéditos (textos, fotografias…) disponibilizados. Apesar de o jazz, sobretudo quando falamos de monstros sagrados como John Coltrane, não ser a área (tal como a clássica) em que os suportes físicos mais perderam para o digital, esta caixa é um bom exemplo dessa tendência. Aqui, arruma-se a produção do saxofonista para a editora The Prestige, no final dos anos 50, muitas vezes como sideman. Mesmo um grande colecionador, que tenha este material disperso em velhos discos, gostará de guardar esta caixa de cinco CD (ou oito discos de vinil), em que não faltam bons textos e imagens raras. P.D.A.
![1540-1.jpg](https://images.trustinnews.pt/uploads/sites/5/2019/10/153838371540-1.jpg)
Solo,de Bernardo Sassetti
D.R.
6. Solo, Bernardo Sassetti
A inquietude e a versatilidade sempre foram marcas artísticas de Bernardo Sassetti até à sua morte, aos 41 anos. A sensação de incompletude, de percurso interrompido, espalhou-se rápida e brutalmente a partir daquele dia de maio de 2012. A sua discografia reflete bem essa atitude de pianista irrequieto, associado ao jazz mas flirtando com vários estilos e sempre disponível para vários projetos – fosse a composição de bandas sonoras para cinema ou a colaboração com um cantor como Carlos do Carmo. Não espanta muito, por isso, que em 2019 não se considere que essa discografia é uma lista completa, fechada. Este Solo é o primeiro de vários discos anunciados pela associação cultural Casa Bernardo Sassetti (criada logo em 2012) com material inédito gravado pelo pianista (algum dele em colaboração com outros artistas). Aqui, reúnem-se sete temas nunca fixados em nenhum registo (apesar de alguns terem sido compostos para os filmes Alice e Costa dos Murmúrios), tocados por Sassetti em Ponta Delgada, em 2005. O que o levou ao Teatro Micaelense para essas sessões de gravação foi o poder de atração de um piano Steinway. Chegou a haver um trabalho de pré-produção do resultado desses dias açorianos feito pelo pianista com Nelson Carvalho (envolvido nesta edição), o que permite um grande grau de confiança em relação às opções que Sassetti faria. No fim do último tema, Simplesmente Maria, ouve-se a sua voz: “Temos disco!” P.D.A.
![DC680_PurpleMountains_MINI.jpg](https://images.trustinnews.pt/uploads/sites/5/2019/10/15391778DC680_PurpleMountains_MINI.jpg)
Purple Mountains, de Purple Mountains, o novo projeto de David Berman
D.R.