Eram pouco mais do que uns adolescentes quando se deram a conhecer em 2011, com Building Waves, disco em que faziam o rock‘n’roll que lhes apetecia ouvir. Cantavam em inglês, com uma energia e uma força contrastantes com a calmaria do dia a dia vivido em Barcelos, a cidade do grupo de Nuno Rodrigues, Rafael Ferreira e Rui Fiúsa. Quando há pouco para fazer, o rock, já se sabe, costuma ser um bom refúgio. Com os Glockenwise foi-o de certeza, como o provaram novamente em Leeches (2013) e Heat (2015), apesar de este começar a apontar já outros caminhos, mais negros e menos diretos. Não se esperava era uma mudança tão radical neste novo Plástico, na música e nos ambientes, muito mais pop do que rock, mas especialmente nas letras, pela primeira vez em português.
“Vontade de mudar e de ter passos para dar, para acumular às desistências eu tenho boas referências”, anunciam logo na faixa de abertura, Corpo, ainda a fazer lembrar a energia de outrora, que depressa se vai adocicando nas faixas seguintes, com recurso a melodiosas guitarras acústicas, coloridos sintetizadores e lânguidos solos de saxofone. Até poderá parecer mero exercício de nostalgia musical (olá, anos 80; até já, 90), mas à medida que o disco avança, tudo faz sentido no presente, em especial com estas letras, plenas de ironia, mas ao mesmo tempo cruas e diretas, tão deste tempo. Afinal, Um Dia Feliz pode ser apenas normal: “Hoje foi um dia feliz, tratei o que tinha a tratar, voltei de onde tinha de vir”… Se é um final ou o início de algo maior, ainda não sabemos, mas isso agora, neste presente ano novo, também não interessa para nada.