Abre com uma das melhores histórias, O Ponto do Marido, variante de uma fábula infantil. E como nos contos dos irmãos Grimm, latejam aqui ameaças e arquétipos, promessas de transgressões e castigos, sobrenatural e sangue. Uma parte de pele é descrita como “lisa e capada como o nexo entre as pernas de uma boneca”. O ato de amamentação revela-se sacrificial: “Se estiverem a ler esta história em voz alta, deem uma faca de aparar aos ouvintes e peçam-lhes para cortar a aba tenra de pele entre o vosso polegar e o indicador. No fim, agradeçam-lhes.”
Esta narrativa inaugural atravessa casamento e maternidade de uma mulher que usa uma fita verde apertada ao pescoço, na qual ninguém deve tocar. Uma interdição estendida ao marido − mas os interditos despertam o desejo, a dominação, a violência de género. “Porque é que queres esconder isso de mim?”, dispara o marido. “Não estou a esconder nada. Só que não é teu”, defende-se ela. O final será funesto − e, feche-se o círculo, o “ponto” do título refere-se à cosedura pós-parto feita a pensar no prazer masculino.
As mil e uma tiranias sobre o corpo da mulher é o fio condutor destes contos macabros, eróticos e metafóricos, pontuados por uma escrita afiada e contextos inusitados. Vírus apocalípticos, cenários fantásticos ou séries de televisão contextualizam as histórias cruas. No conto Inventário, uma mulher desfia os encontros sexuais enquanto um vírus dizima o mundo; em As Mulheres de Verdade Têm Corpo, desfiam-se metáforas em torno de figuras que se desvanecem. O empoderamento também passa por aqui.
Esta narrativa inaugural atravessa casamento e maternidade de uma mulher que usa uma fita verde apertada ao pescoço, na qual ninguém deve tocar. Uma interdição estendida ao marido − mas os interditos despertam o desejo, a dominação, a violência de género. “Porque é que queres esconder isso de mim?”, dispara o marido. “Não estou a esconder nada. Só que não é teu”, defende-se ela. O final será funesto − e, feche-se o círculo, o “ponto” do título refere-se à cosedura pós-parto feita a pensar no prazer masculino.
As mil e uma tiranias sobre o corpo da mulher é o fio condutor destes contos macabros, eróticos e metafóricos, pontuados por uma escrita afiada e contextos inusitados. Vírus apocalípticos, cenários fantásticos ou séries de televisão contextualizam as histórias cruas. No conto Inventário, uma mulher desfia os encontros sexuais enquanto um vírus dizima o mundo; em As Mulheres de Verdade Têm Corpo, desfiam-se metáforas em torno de figuras que se desvanecem. O empoderamento também passa por aqui.