A poesia que a vida breve e quase sempre amargurada de Mário de Sá-Carneiro (1890 -1916) produziu está toda aqui, incluindo inéditos na secção Versos Dispersos de Infância e Juventude (entre ingenuidade e um humor pré-melancolia). O caráter exaustivo não é a única qualidade deste Poesia Completa de Mário de Sá-Carneiro (Tinta-da-China, 696 págs., €30), com organização e edição crítica de Ricardo Vasconcelos (professor de literatura portuguesa e brasileira em San Diego, EUA).
Destaque para uma boa seleção de fac-símiles e a revelação de cartas enviadas, de Paris, a Fernando Pessoa (por Carlos Ferreira e José Araújo), na sequência do suicídio de Sá -Carneiro aos 25 anos. Na apresentação, Vasconcelos sublinha como o escritor foi “duplamente moderno”: “por ser do seu tempo”, sim, mas sobretudo por “ter produzido uma obra que não permanece datada e por isso fala com os leitores atuais.”