Chegou de surpresa, numa bela manhã de novembro, o segundo disco de Gisela João. Nua, assim se chama e assim aparece a fadista na capa, toda sorridente, que ousa, uma vez mais, transformar a tradição a seu jeito. E que bom é ouvi-la no divertido O Senhor Extraterrestre, letra de Carlos Paião para uma interpretação de Amália Rodrigues em 1981. Quem também tem disco novo é Rita Redshoes. Gravado em Berlim, Her é o quarto registo na carreira da cantora e compositora, a cantar, pela primeira vez e por três vezes, em português. É ler aqui e aqui os textos do Pedro Dias de Almeida, com vídeo incluído a dar um cheirinho do que estamos a falar.
Com etiqueta de música para crianças vem Mão Verde, de Capicua e Pedro Geraldes, mas nós, que já somos crescidos, não nos cansamos de ouvir e cantar Quente & Frio ou Erva-de-cheiro, só para dar dois exemplos. O livro-disco, onde o afrobeat, o hip hop, o rock e outras sonoridades se misturam com rimas sobre agricultura, aquecimento global e hábitos saudáveis, resulta do espetáculo ao vivo que a rapper levou a palco a convite do Teatro São Luiz, em Lisboa.
Continuamos pelos projetos nacionais, agora com os You Can’t Win Charlie Brown. O Miguel Judas escreve aqui que já lá vai o tempo em que, para elogiar uma banda portuguesa, se dizia que pareciam estrangeiros. Mas é precisamente isso que apetece dizer mal se começa a ouvir a primeira faixa de Marrow.
Por falar em estrangeiro, é de lá que vêm as três últimas sugestões, a juntar uma espécie de constelação de estrelas. Skeleton Tree, álbum negro de Nick Cave e dos Bad Seeds, feito de oito canções onde o violino de Warren Ellis, coautor de todas as músicas, vai serpenteando. O derradeiro disco de Leonard Cohen, You Want it Darker, lançado uma semana antes da sua morte, que pede para ser descoberto aos poucos. E, por último, Blue & Lonesome, dos Rolling Stones, saído nem há quinze dias. Uma espécie de regresso às origens da banda inglesa a juntar, neste disco, 12 temas do repertório clássico dos blues. Se podiam estar aqui outros nomes? Podiam, pois, e assim, de repente, nos lembramos logo de David Bowie ou Iggy Pop. Mas essa seria outra lista de sugestões.