É de uma poesia comovente o novo livro editado pela Bruaá, A Casa Que Voou, com texto de Davide Cali e desenhos de Catarina Sobral. Da história não se pode aqui desvendar o fim, apenas o início, quando um homem certo dia vê a sua casa levantar voo (“Estava convencido de que as casas estavam fixas ao seu lugar. A não ser que tivessem rodas e se chamassem caravanas”) e decide ir de gabinete em gabinete tentar encontrar alguém que o ajude nesta questão: da Câmara Municipal para o Gabinete dos Desastres Naturais, daqui para o Gabinete dos Perdidos e Achados, depois para o Gabinete de Facilitação e Segurança da Aviação Civil, onde lhe dizem: “Talvez a casa tenha voado por alguma razão. Já pensou nisso?”.
Basta conhecer os livros do escritor suíço como Eu Espero… (também da Bruaá) ou Não Fiz os Trabalhos de Casa Porque… (recentemente editado pela Orfeu Mini) e o traço da ilustradora portuguesa (o prémio que recebeu com O Meu Avô é apenas um sinal do seu grande talento) para adivinhar que desta dupla só poderia resultar um objeto assim: divertido, inesperado e sonhador – três adjetivos certeiros para as palavras de Cali e reforçados pelos desenhos de Catarina, que ilustra a história a lápis de carvão com apontamentos de cores primárias e dando-lhe ainda mais pormenores para descobrirmos (e as deliciosas expressões das personagens, conseguidas sempre de forma tão surpreendentemente simples). Bem hajam as casas que voam e os livros assim.
A Casa que Voou > Davide Cali e Catarina Sobral > Bruaá Editora > 32 págs. > €14