1. Real Alcázar
Sevilha reclama ser detentora de três mil anos de História (dos fenícios à atualidade) e o Real Alcázar é bem um testemunho dessa longevidade. Assente sobre as fundações da cidade romana, o conjunto arquitetónico que o compõe é formado por edifícios de várias épocas, dos árabes ao Renascimento. Tudo começou quando o califa de Córdova, Abderrahmán III an-Násir, ordenou a construção de uma nova sede do governo na cidade, o Dar al-Imara. Corria então o ano de 913. Ao longo dos séculos, novas e cada vez mais sumptuosas “peças” foram sendo acrescentadas por ordem de monarcas das diferentes dinastias que reinaram no Al-Andaluz ou por reis cristãos como Afonso X de Castela ou os Reis Católicos, Fernando e Isabel. A visita a esta joia, classificada como Património da Humanidade pela Unesco e escolhida pela produção da série A Guerra dos Tronos para a rodagem de várias cenas, não fica completa sem um prolongado passeio pelos jardins, dos mais belos de Espanha. alcazarsevilla.org
2. Catedral e Torre da Giralda
Reza a lenda que, determinado a evangelizar pela majestade uma população recém-convertida ao cristianismo, um cabido com ambições terá exclamado no final do século XIV: “Ergamos em Sevilha um templo tão grandioso que os vindouros hão de chamar-nos loucos.” E assim se fez: com 42 metros de altura e 11 520 metros quadrados de área total, a Catedral de Sevilha é o maior templo gótico do mundo e inclui peças de grande valor histórico e artístico como o túmulo de Cristóvão Colombo ou quadros assinados por Murillo ou Artemisia Gentileschi, entre muitos outros mestres. Deste conjunto monumental faz parte a Torre da Giralda, que é o que resta da antiga mesquita da cidade. catedraldesevilla.es
3. Bairro da Triana
Na margem oposta a estes monumentos, atravessando a ponte sobre o rio Guadalquivir, encontra-se o mais castiço dos bairros de Sevilha, Triana, com uma identidade tão forte que ainda hoje, quando de lá saem, os seus moradores dizem: “Vou a Sevilha.” Berço de cantautores e bailarinos de flamenco, merece visita demorada e atenta, desde logo à Plaza de Cuba, onde uma esfera recorda que este foi, em 1519, o ponto de partida de viagem de circum-navegação liderada pelo português Fernão de Magalhães. Mas vale a pena passear também pelo Centro de Cerâmica, onde se evoca uma das manufaturas mais emblemáticas da cidade, e pelo Mercado (ou Plaza de Abastos) situado onde, em tempos idos, esteve um castelo medieval.
4. Compras nas Calles El Duque, Sierpes e Tetuá
No coração da cidade histórica, um conjunto de ruas pedonais proporciona um passeio ameno para ver as montras. Além das marcas que existem em todo o lado, aqui ainda é possível encontrar um comércio tradicional, com produtos exclusivos. São os casos das Ceramicas Sevilla, da Papelaria Ferrer, dos Chapéus Fernandez & Roche ou da Casa Juan Foronda, especializada em mantones (xailes) y mantillas (mantilhas) bordados à mão.
5. Arquitetura contemporânea: Cogumelos de Sevilha
Em plena Plaza de La Encarnación, a obra de arquitetura mais moderna da cidade é o Metropol Parasol, composto por seis grandes guarda-sóis em forma de cogumelos. Inaugurada em 2011, a construção do arquiteto alemão Jürgen Mayer tem uma altura de 26 metros e – diga-se em proveito de quem gosta de recordes – é a maior estrutura de madeira do mundo. Com cinco níveis, não só proporciona a melhor vista da cidade a partir do terraço, como inclui vários restaurantes, o mercado da Encarnación e um museu (Antiquarium, de seu nome) que nos mostra como viviam os romanos na Sevilha de há dois mil anos.
6. Museo del Baile Flamenco
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Cidade natal de alguns dos maiores nomes da história do flamenco – como Manolo Caracol ou Niña de los Peines –, Sevilha é ela própria um enorme tablao. No embaraço da escolha, vale a pena visitar o Museu del Baile Flamenco, onde, além de se contar a história deste género artístico indissociável da “marca” Espanha, ainda é possível assistir a um espetáculo com a certeza de não estar a consumir um produto para turistas. museodelbaileflamenco.com
7. Casa Museo de Murillo
Enriquecida pelo comércio ultramarino a partir do século XVI, Sevilha cultivou e apoiou as artes com brio. Não admira, pois, que dois dos maiores nomes da pintura do siglo de oro espanhol tenham nascido aqui. Falamos de Diego Velásquez e Bartolomé Murillo. Vale a pena visitar a casa-museu deste último (menos conhecido que o autor de Las Meninas) no histórico bairro de Santa Cruz (Calle de Santa Teresa, 8) e imaginar como se vivia na cidade no tempo em que aqui afluíam todas as riquezas das Índias Ocidentais. Em complemento, recomenda-se uma visita ao Museo de Bellas Artes (museosdeandalucia.es), a segunda maior pinacoteca de Espanha, logo a seguir ao Museu do Prado.
8. Casa Palácio Las Dueñas
Para a maior parte das pessoas, o ducado de Alba evoca a colorida figura de Dona Cayetana (1926-2014). No entanto, a família a que pertenceu é uma das linhagens nobres mais antigas e representativas da Península Ibérica, sendo esta Casa Palácio Las Dueñas o mais importante dos muitos palácios que os Duques de Alba têm um pouco por toda a Espanha. Construído no século XVI onde antes existia um convento, guarda um património artístico de grande importância e as recordações de muitas das grandes figuras da História que por aqui passaram, desde a imperatriz dos franceses, Eugénia de Montijo, a Jackie Kennedy, amiga pessoal de Dona Cayetana. lasduenas.es
9. Aquário
Tem como cabeça de cartaz o tubarão-touro, mas no Aquário de Sevilha importa não negligenciar o esturjão, a raia do Atlântico, o peixe-leão do Pacífico e mais de 500 espécies provenientes de ecossistemas tão diversos como o vizinho Guadalquivir ou os mares mais remotos. Em destaque está também a viagem de circum-navegação iniciada por Magalhães e concluída pelo basco Juan Sebastian Elcano. acuariosevilla.es
10. Ir de tapas
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Acompanhadas ou não pela cerveja Cruzcampo – marca fundada em Sevilha em 1904, mas hoje propriedade da Guinness –, há muitas e saborosas iguarias a provar um pouco por toda a cidade. Se, no entanto, houver que escolher um bairro para o tapeo, a opção é El Arenal, onde estão concentrados alguns dos lugares mais queridos pelos sevilhanos como Trifón, Casa Moreno, Bodeguita Antonio Romero, Cervecería Internacional, Ventura, Bodega San José, Taquilla, La Taberna, Bar Alfonso e por aí fora. Aqui brilham tapas como a pavía de bacalao, a pringá, os huevos à flamenca, a ensaladilla de patata, as croquetas e, como não podia deixar de ser, o gazpacho onde ele nasceu. Isto sem esquecer o mercado, onde às bancas de venda se somam outras com propostas gastronómicas tradicionais ou, pelo contrário, surpreendentes.
11. La Casa Tomada
Em pleno casco viejo está uma livraria muito especial que tomou de “empréstimo” o nome de uma das obras mais celebradas de Julio Cortazar, La Casa Tomada. Distinguindo-se das grandes cadeias, que também existem em Sevilha, pela seleção muito cuidadosa de obras de vários géneros (ficção, poesia, banda desenhadas e infanto-juvenil) feita por livreiros que se consideram “prescritores de leitura”, La Casa Tomada (Calle del Muro de Los Navarros, 66) é também uma escola especializada em workshops nas áreas da literatura e do audiovisual, clubes de leitura e prestação de serviços editoriais como a revisão de textos. Também são bem-vindos os amantes de jogos de tabuleiro, em particular os que se relacionam com a literatura. casatomada.es.