1. Aljana Guest House, Beja

Paredes-meias com a sé de Beja, não raras vezes ouve-se a missa cantada na Aljana Guest House. No centro histórico da cidade, esta antiga casa de família foi transformada num alojamento local, seguindo os princípios do slow living. Observando a discreta entrada, não se adivinha o interior, onde a arquitetura surpreende a cada passo – paredes grossas caiadas de branco, que dão frescura no verão e aconchego no inverno, arcos e tetos em abóbada, presentes desde os quartos (são sete, quatro com mezanino) às salas e zonas de passagem que levam ao jardim. A decoração tira proveito de peças antigas ligadas à vida no campo e à propriedade agrícola da família, mas também dá destaque às artes da terra, como é o caso dos candeeiros feitos com os barros de Beja e do mobiliário em madeira e buinho. O ambiente convida a viver com toda a calma este Alentejo que é o de uma cidade, sem o ser. Daqui, descobre-se a pé o centro histórico, mas também aldeias e vilas vizinhas. Inicie-se o passeio depois do pequeno-almoço, feito de fruta biológica, produtos caseiros e regionais, como o queijo fresco da aldeia de Ervidel. R. Dr. Aresta Branco, 1, Beja > T. 91 057 5151 > a partir de €90
Roteiros temáticos: Partindo de Beja, é possível seguir cinco roteiros temáticos à volta da cidade – barro e cal; Guadiana; pão; biodiversidade do montado e grande planície –, que levam à descoberta da paisagem, das tradições e usos desta região (informações em cm-beja.pt/visitar)
2. Corkshack, Marvão

É ao casal galês Clare e Dewi, a viver em Portugal há 28 anos, que se deve este turismo rural original, escondido no coração da aldeia da Escusa, a cinco quilómetros de Marvão. Num terreno, onde há aveleiras, figueiras e oliveiras, ergueram duas estruturas circulares de 25 metros quadrados, revestidas a cortiça e telhados de colmo em forma de cone. As casas, inspiradas nas choças, construções tradicionais desta zona raiana do Alto Alentejo, reúnem todas as comodidades dos tempos modernos, desde coluna de som bluetooth, wi-fi, ar condicionado, a uma kitchenette bem equipada para que os hóspedes possam preparar as suas próprias refeições – a ideia é que estes sejam autossuficientes e aproveitem ao máximo as corkshacks. Exatamente iguais, têm um deck de madeira com zona de barbecue, mesa e cadeiras, e estão a meia dúzia de passos da piscina, onde há espreguiçadeiras e zona de estar, o local ideal para abrir o vinho e apreciar os figos, as nozes ou um petisco alentejano que Clare e Dewi deixam de oferta. Estr. da Casa Nova 9, Escusa, Marvão > T. 93 798 0013 > a partir de €90
Património: Em Castelo de Vide, a dez quilómetros de Marvão, vale a pena visitar a judiaria e seguir até ao castelo, onde está a Casa da Cidadania Salgueiro Maia. O novo museu tem o espólio particular do capitão de Abril, como condecorações, uniformes militares, armas e até o megafone com o qual intimou Marcelo Caetano a render-se.
3. Quinta do Ameal, Ponte de Lima
Só pela vista sobre o rio Lima, as vinhas alinhadas num anfiteatro natural e o frondoso bosque em redor das casas, já valeria a pena percorrer a Quinta do Ameal, o segundo enoturismo do grupo Esporão, no Norte. Tudo é verde e cheio de aromas neste lugar, localizado a meio caminho entre o Gerês e Viana do Castelo. A começar pela entrada, com a belíssima alameda de glicínias, ladeada por vinhas e pinheiros enormes com mais de 200 anos. A singularidade desta quinta vê-se também nas casas debruadas a cantaria, nas heras a revestir, quase por completo, o edifício principal, no manto verde em redor. Com registos desde 1710, a Quinta do Ameal dedicou-se, nos últimos anos, à produção de vinhos de excelência, em exclusivo, da casta Loureiro e, mais recentemente, ao alojamento, com duas opções distintas. Na Casa Grande, além da sala comum para provas de vinhos e refeições, acomodam-se três suítes independentes – Jardim, Camélia e Glicínia –, com cozinha equipada e cama XL. Já na Casa da Vinha, uma moradia com duas suítes, há um chuveiro asiático no exterior, junto aos bambus, e um alpendre. Além de visitas à nova adega e prova de vinhos com petiscos, há passeios guiados de caiaque no rio, de bicicleta e caminhadas pela ecovia do rio Lima. Em breve, será possível pedir a um chefe para preparar uma refeição. Um refúgio tranquilo, onde apetece viver. Refoios do Lima, Ponte de Lima > T. 91 690 7016 > suítes €180 (nov-mai), Casa da Vinha €300 (nov-mai)
Caminhadas: Da aldeia do Soajo às cotas mais altas do Parque Nacional da Peneda-Gerês, encontram-se alguns dos caminhos mais bonitos do País, para descobrir num percurso guiado, que se pode reservar na quinta.
4. The Nest – Cooking & Nature Emotional Hotel, Porto de Mós

O ambiente campestre conquista logo à chegada e à medida que avançamos pelos caminhos feitos de pedra e pelo passadiço de madeira, até chegar ao The Nest. Envolvidos por vegetação natural, incluindo árvores de fruto, neste hotel estamos com os dois pés no Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros, a dez quilómetros de Porto de Mós. Conta com oito quartos duplos e três apartamentos (um deles pet-friendly), com grandes janelas para aproveitar a vista, todos com pormenores e distribuições diferentes. No revestimento do hotel e no mobiliário, privilegiou-se a madeira, a decoração inclui matérias-primas locais, como a pele de Alcanena e o burel de Mira de Aire. A ligação entre os três edifícios faz-se por caminhos ao ar livre, a respirar ar puro e a ouvir os passarinhos. No restaurante, aposta-se numa cozinha saudável, com propostas disponíveis também para não hóspedes. R. Asseguia das Lajes, 181, Alvados, Porto de Mós > T. 244 447 000 > a partir de €135
Passeios na serra: O hotel desenvolveu uma aplicação que agrega seis percursos pedestres e dez trilhos para fazer de bicicleta, permitindo explorar autonoma-mente e em segurança a região. Inclui mapas, grau de dificuldade, preparação e tempo de percurso.
5. Quinta da Pousadela, Amarante

Uma estrada atravessa o bosque com densas copas das árvores a barrar os raios de sol, até chegarmos ao núcleo de casas rurais de granito, onde outrora existia uma pequena aldeia, cujas origens remontam ao século XVII. O isolamento é total nesta quinta com 60 hectares, parte deles convertidos para a agricultura, sobretudo vinhas, para produção de vinho verde, ali vendido. Em 2012, Paulo Amado recuperou as ruínas da propriedade da família e criou o agroturismo, com alojamento dividido entre quatro casas (T1 e T2, com cozinha ou kitchenette) e três quartos, simples mas acolhedores. O palheiro e a antiga eira funcionam como zonas comuns, onde se servem refeições para grupos, e há ainda uma convidativa piscina exterior. R. Central de Ôlo, 353, Ôlo, Amarante > T. 96 689 9922 > a partir de €60
Desbravar a Natureza: Existem dois caminhos sinalizados para os hóspedes percorrerem livremente e conhecerem a vida numa quinta. Para quem queira emoções mais fortes, organizam-se passeios de mota pela serra.
6. Verde Água, Cinfães

A propriedade de dez hectares, na margem sul do rio Douro, estava na posse da família de Joana Gouveia desde 1901. Antes de a explorar, a engenheira ambiental viajou pelo mundo e trabalhou em Cabo Verde e no Brasil, onde conheceu o marido, Aníbal San Miguel, argentino, formado em administração de empresas. Quando o casal quis fugir das grandes metrópoles, assentou raízes em Cinfães e avançou com um projeto de agricultura biológica, em 2014 – dedicado, sobretudo, à produção de morangos. A vontade de diversificar a atividade fê-los criar um agroturismo, onde quem viesse pudesse desligar e usufruir da ruralidade. Recuperaram as casas de granito e criaram cinco suítes, confortáveis e com uma decoração muito natural. Para quem queira estar isolado na Natureza, existe uma yurt, com luzes e chuveiro solar. Há sempre propostas diferentes para “envolver os hóspedes nas atividades da quinta… eles adoram, descomprimem completamente”, diz Joana. Dependendo da estação, podem participar na vindima, na apanha da azeitona, tratar dos animais (ovelhas, galinhas, patos, pavões, cavalo)… Contam ainda com parceiros locais, como a Out of Town, que organiza passeios e atividades nos rios próximos (Douro, Tâmega, Arda e Paiva). Mas na quinta não faltam recantos para descobrir, como os cinco hectares de floresta com árvores autóctones. R. Vila Verde, 319, Souselo, Cinfães > T. 93 633 9520 > a partir de €90 > verdeaguanatureza.com
À roda da fogueira: Organizam-se encontros ao pôr do sol no laranjal, com vinho, música e petiscos, jantares no fogo com produtos da quinta feitos por chefes de cozinha convidados e churrascos da Patagónia (usando a técnica asado al gancho).
7. Monte da Bemposta, Porto Covo
Ficar no Monte da Bemposta é sentir uma espécie de superpoder que nos dá total controlo sobre querer estar no centro desta vila da costa alentejana, ou nem por isso. É perfeito para quem nunca desvia os olhos do oceano, à distância segura de uma caminhada de dez minutos. Aqui, ele é omnipresente, mesmo quando o sol se põe e o adivinhamos no breu, a caminho do quarto, debaixo do cantar insistente das cigarras. O relinchar dos cavalos completa a companhia sonora que quebra o absoluto silêncio em que podemos estar. Também avistamos burros, lamas e alpacas espalhados pela herdade, de oito hectares. O Monte da Bemposta tem apenas dez casas (com kitchenette e acesso direto ao jardim) e seis quartos, o que basta para haver desafogo para todos, quer nos campos de padel, quer nas relaxantes espreguiçadeiras da piscina. A harmonia arquitetónica encontra-se no azul-claro que debrua as janelas dos edifícios brancos, mesmo à alentejana. Por dentro, o conforto está na modernidade dos espaçosos aposentos. Porto Covo > T. 96 451 3088 > a partir de €155
Comida de chefe: Porto Covo tem agora dois restaurantes de assinatura, o Alma Nómada, do chefe Ricardo Leite, e o Lamelas, de Ana Moura. Aproveite-se a dormida no Monte da Bemposta para agendar duas refeições diferentes e de grande qualidade
8. Casa de São Lourenço, Manteigas

Lá no alto, a 1 250 metros de altitude, tudo ganha outra grandiosidade, seja a Natureza do Parque Natural da Serra da Estrela agora a mudar para as tonalidades de outono, seja o edifício de uma das primeiras pousadas do País, inaugurada em 1948. Há 73 anos, abria com apenas quatro quartos, mas quando João Tomás e Isabel Costa (os mesmos donos da Casa das Penhas Douradas, a 1 500 metros de altitude) a reabriram, há três anos, mantiveram os 21 quartos já existentes. Na casa de granito, encontraram também móveis e outros elementos, como uma loba, uma estrela e uma flor, assinados pela artista Maria Keil, responsável pela decoração dos interiores, no projeto do arquiteto Rogério de Azevedo. O modernismo dos anos 40 foi reforçado com o burel (tecido em lã) inserido na arquitetura. É visível logo à entrada, junto à lareira, com uma cúpula toda forrada a ponto de favos, no revestimento da parede da receção ou na sala de refeições, escura e acolhedora, que tem uma lareira com fogo de chão e seis mil estrelinhas em burel amarelo-torrado sobre a mesa comunitária, que se enche de iguarias preparadas pelo jovem chefe Manuel Figueira. De manhã, se o nevoeiro assim o permitir, o pequeno-almoço é tomado com vista para Manteigas, vila da Beira Interior, depois de uma passagem pela piscina interior aquecida, com uma saída para o ar livre, ou pela sauna e jacuzzi. Neste hotel de montanha com cinco estrelas, tudo está pensado em prol do conforto, mas de forma elegante, em que o maior luxo é a simplicidade. EN232, km 49,3, Campo Romão, Manteigas > T. 275 249 730, 96 828 5937 > a partir de €175
Burel Factory: Visitas guiadas à fábrica revelam a transformação da lã de ovelha bordaleira num tecido nobre, contemporâneo e símbolo de design. Destaque para a maquinaria antiga, os padrões clássicos e as cores dos tecidos
9. Vale do Ninho Nature Houses, Penela

Nascido em agosto, o burrinho Ruca, filho de Marcelo e de Lady Zorra, tem feito as delícias de quem pernoita numa das casas Vale do Ninho, em Ferraria de São João. São três, erguidas a partir de ruínas de pedra e de antigos palheiros: a Cuco (para quatro pessoas), a Noitibó (três pessoas) e a Pica-Pau (cinco pessoas). Tanto se abeiram da cerca “para lhe dar cenouras, como lhe escovam o pelo”, diz Pedro Pedrosa, que, com a mulher, Sofia Sampaio, trocou a cidade para viver nesta aldeia com 40 habitantes. Ruca só parece rivalizar com os saltos no trampolim do jardim, os legumes que se apanham na horta ou as bicicletas (normais e elétricas), ideais para se percorrerem os trilhos desta aldeia de xisto, situada no extremo sul da serra da Lousã. Quem preferir os passeios a pé, tem vários percursos assinalados, um dos quais (o dos Pastores) passa ali mesmo em frente. Quem quiser conhecer as tradições locais poderá aprender a fazer pão ou queijo de leite de cabra (€40), com as aldeãs Isaura e Fátima. Na aldeia, não existe nenhum café nem mercearia, e ainda que o pequeno-almoço seja entregue numa cesta, o padeiro pode deixar-lhe o pão fresquinho à porta. Tal e qual como antigamente. Ferraria de São João, Cumeeira, Penela > T. 91 904 8373/91 425 0916 > a partir de €100 (mínimo duas noites), pequeno-almoço €15 (duas pessoas)
Brama dos veados: Em parceria com a empresa Veado Verde, organizam-se passeios em veículos todo-o-terreno (€50/pessoa), para ouvir a brama dos veados na serra da Lousã. Até novembro, é a época ideal para escutar os machos que defendem o seu território, atraindo as fêmeas para o acasalamento.