Podia bem ser o nome da senhora da mercearia, da vizinha do lado ou da simpática proprietária do café da nossa rua. Dona Graça, assim se chamam os novos apartamentos turísticos, abertos em junho, no topo da colina da Graça, em Lisboa. Neste prédio do início do século XIX, recuperado por três amigos de infância, António Polena (financeiro e consultor), Rui Vinagre (arquiteto) e Hugo Diogo (engenheiro florestal), existem agora oito apartamentos (sete T1 e um T1+1 ideal para famílias), com categorias distintas (estúdio, superior e delux), que se estendem por dois pisos.
Para a nova aventura, este trio apaixonado pela cidade, com memórias coletivas dos jogos de futebol, dos passeios de bicicleta e das muitas brincadeiras em conjunto, respeitou a autenticidade do edifício e de Lisboa. Cada um dos apartamentos desta guesthouse aposta numa decoração que mistura as peças feitas com materiais portugueses (como a madeira, a pedra lioz e o mosaico hidráulico) com outras de design estrangeiro.
Com a chave na mão, e já dentro da nossa “casa”, reparamos nos dois banquinhos ao lado da cama, que funcionam como mesinhas de cabeceira, feitos pelo mestre carpinteiro Manuel Alexandre. “É um senhor que descobrimos em Monchique e que cria estes bancos à mão”, conta António Polena. Também chama a atenção a lareira, perto da janela, a lembrar a antiga funcionalidade desta cozinha transformada em quarto. Ao lado, a banheira, separada da restante casa de banho, convida a um banho mais prolongado. Isto se se conseguir resistir aos encantos do jardim, com uma pequena videira e uma laranjeira, ou da piscina, que se vê do outro lado da janela. A caminho das espreguiçadeiras, e de fato de banho vestido, passamos pela mesa da sala com tampo de lioz e pelo sofá azul, muito confortável. “Decorámos estes apartamentos como se fossem para nós, queremos que os turistas se sintam lisboetas”, acrescentam os amigos.
Quando se acorda nesta Dona Graça, o sossego faz-nos esquecer de que estamos no centro de Lisboa. O pequeno-almoço, deixado dentro de um cestinho, no banquinho do lado de fora da porta, desperta-nos lentamente para a realidade e é saboreado ao som dos passarinhos. Antes de se sair, passamos na loja da receção, onde estão à venda as bonitas mantas feitas à mão da Xi-Coração, os sabonetes da Castelbel e os vinhos da Real Companhia Velha (Douro), e os do enólogo Joaquim Arnaud, entre outros objetos bem portugueses.
Em breve, além dos apartamentos, a Dona Graça terá um restaurante dedicado aos sabores portugueses, que ficará perto da piscina.
Dona Graça > R. da Bela Vista, 124, Lisboa > T. 96 392 3385 > www.dona-apartments.com > a partir de €150