“Sempre estive enamorado de Portugal”, diz o arquiteto italiano Gianfranco Fenizia. No final da década de 80, rendeu-se aos encantos de Lisboa e, mais tarde, perdeu-se de amores pelo Porto, conta. No pico da crise, em 2014, com o estúdio em Milão a perder clientes diariamente, decidiu vender tudo e mudar-se para a cidade nortenha. “A capital pareceu-me muito turística, com demasiado alojamento local e restaurantes em risco de se perderem na história, enquanto o Porto mantinha ainda, um pouco, aquele ar decadente que me atrai”, recorda.
Encontrou casa numa residência burguesa, num edifício romântico da zona do Bonfim, com fachada de pedra revestida a azulejo, janelas altas com portadas de madeira e detalhes em ferro. É aqui que mora, num apartamento nas águas furtadas, no topo do seu Palácio Fenizia. Em baixo, nos dois pisos, criou cinco suítes espaçosas, com design, mobiliário e identidade própria, para os hóspedes. “Somos uma guesthouse e não queremos ser um hotel”, esclarece Gianfranco.
No Palácio Fenizia, não há formalidades. As conversas ouvem-se, o candeeiro da mesa mexe, o chão de madeira pode pregar partidas e, a qualquer hora, sente-se o aroma a café. O pequeno-almoço serve-se na ampla e iluminada sala do primeiro piso, cujos lustres de cristal deixam imaginar o luxo das histórias que por ali passaram. Nos quartos e espaços comuns há objetos e mobiliário contemporâneo misturado com outros mais tradicionais. “Sempre gostei de misturar o existente com o novo.”
Gianfranco recuperou a arquitetura original do prédio e criou, entre paredes e teto, um jogo de azulejos coloridos, papéis de parede elegantes e estuques requintados. Mas o que impressiona mesmo é o charme da escadaria central, que liga os pisos, a majestosa claraboia e o terraço coberto por um tapete de relva rodeado de ciprestes. Um verdadeiro palácio.
Palácio Fenizia > R. Fernandes Tomás, 215, Porto > T. 22 537 1303 > €140/quarto duplo (mínimo duas noites)