
Neve é neve e, na Casa das Penhas Douradas, por estes dias, ela é mais do que muita. Os apreciadores dos desportos de inverno que nos perdoem, mas, perante aquele manto fantasioso embora nada diáfano, achamos que o melhor mesmo é ficar lá dentro a vê-la cair (na piscina interior, por exemplo). Salvo, claro, melhor opinião, coisa que nestas questões dos prazeres quase sempre existe.
De todos os quartos da Casa (há os revestidos a cortiça e os revestidos a madeira de bétula, sendo que, no total, são 17, mais uma suíte) se vê a serra – e isso, com mais ou menos neve, é que ali é verdadeiramente especial. Ir ao Fragão do Corvo e, de um miradouro quase a pique, olhar Manteigas e todo o vale glaciar do Zêzere. Subir até ao heliporto para olhar o planalto e descer até ao Vale do Rossim para ver a lagoa. Trilhar um caminho de vegetação rasteira para chegar às pedras onde se adivinha a cabeça de um chimpanzé. Ou, então, fazer o percurso pelos chalés de montanha: da Casa da Águia, amarela e preta, uma das mais bem preservadas, àquela que, lindíssima, às riscas vermelhas e brancas, pertenceu a Afonso Costa.
E, no final do dia, depois dos passeios com ou sem piquenique, regressar à Casa. Não desfazendo no imenso que o projeto exemplar de João Tomás e Isabel Costa tem para dar, a melhor hora para estar dentro de portas é ao final da tarde. Ao lanche, há bolo à fatia, café, chá e licores, tudo à discrição. Mais um pouco e está na hora de se acenderem as lareiras (existe uma em cada sala). A ideia é ficar (a expressão certa é deixarmo-nos ficar) num dos sofás ou cadeirões e, pelas enormes janelas rasgadas de alto a baixo, ver chegar a hora mágica e, com ela, ver o dia a desaparecer. Se Deus está em toda a parte, na Casa das Penhas Douradas, as coisas bonitas estão por todo o lado: nas fotografias antigas, nas peças de design nórdico e português também (Hans Wegner, Borge Mogensen, Pedro Silva Dias…), no material do esqui do antigamente, nos bancos forrados a burel (altamente recomendável, a visita à loja e à fábrica, em Manteigas), nos pratos preparados com os produtos da região (a consultadoria do restaurante é de Luís Baena). E – mais importante que tudo – no sorriso discreto de quem nos recebe.
João Tomás e Isabel Costa, os proprietários da Casa das Penhas Douradas, estão neste momento a reconstruir a Pousada de São Lourenço, também situada na encosta de Manteigas. Abrirá como hotel de cinco estrelas.

Casa das Penhas Douradas > Penhas Douradas, Manteigas > T. 275 981 045, 96 338 4026 > €125 a €160 (época alta €135 a €170)