É um ano inteiro para estrear, 12 meses, 366 novos dias que aí vêm. Para 2020, Inês Milagres desenhou um calendário ao género de almanaque: O Tempo das Coisas, como lhe chama a designer, é composto por duas partes. Um livrinho, em que cada folha corresponde a um mês, com um texto, simples, sobre o ciclo do ano, o ritmo das estações, os períodos de abundância e o tamanho dos dias que, mal ou bem, consciente ou inconscientemente, nos influenciam. Janeiro é “o escuro e o descanso”; fevereiro, “o tempo de observar o que acontece ao nosso redor e descansar para que, à medida que os dias crescem e o sol brilha mais alto, encontremos força para começar”; em março, “estamos próximos do equinócio e é tempo de preparar a terra para receber as novas sementes”; e abril, mês em que os dias se tornam maiores do que as noites, fazem-se as sementeiras.
A acompanhar o tal livrinho, há 12 fichas, ilustradas com 12 plantas, todas comestíveis. Foram desenhadas à mão, a grafite, e coloridas a aguarela – semente, raiz, caule, flor –, a partir de observações da Natureza.
Licenciada em Design Industrial, pela Escola Superior de Artes e Design das Caldas da Rainha, Inês Milagres diz que foi na ilustração que encontrou a sua forma de comunicar. Há três anos, foi viver para as Flores, ilha açoriana “de escala rural, desligada do mundo”, uma mudança que acabou por influenciar o seu trabalho. “Os ritmos aqui são outros, a sazonalidade é diferente, sinto mais a responsabilidade de plantar a própria comida.”

Daí que, para 2020, este O Tempo das Coisas (€21) tenha mais que ver com o ciclo completo das plantas. Nas tais fichas ilustradas, há batata-doce, abóbora, milho, feijão, borragem, capuchinha, os menos conhecidos inhame e araçá (pequeno fruto, primo da goiaba, bom para fazer compotas) que crescem livres nos Açores. Para descobrir, mês a mês, ao longo do ano que está prestes a estrear-se.
O Tempo das Coisas > www.facebook.com/otempodascoisas > encomendas: fazercalma@gmail.com > €21