Quem passar pelo número 46 da Rua da Escola Politécnica, no Príncipe Real, em Lisboa, já não vai dar com o Entre Tanto, a galeria comercial que juntava uma série de marcas no Palacete Castilho. As portas fecharam no último dia de janeiro e só a loja de mobiliário Vintage Department manteve a morada, ocupando agora 300 metros quadrados de uma das alas do palacete oitocentista. Ganhou-se uma montra para a rua, e o casal Alma Mollemans e Emily Plaister Tomé, os proprietários, ganharam também mais espaço para ter à venda o mobiliário das décadas de 50 a 70 do século XX, sobretudo de designers escandinavos, peças mais contemporâneas e outros objetos que trazem das viagens que fazem pelo mundo. “São coisas de que gostamos”, diz o fotógrafo holandês de 43 anos, que chegou a ter uma loja na Alemanha até se decidir a mudar de vez para Lisboa. “Sempre trouxe muita coisa dos sítios que visitava.” A mania dele contagiou a inglesa com pai português, e o hábito tornou-se um caso sério.
Na Vintage Department encontram-se peças de mobiliário assinadas por Arne Jacobsen, Johannes Andersen, Bruno Mathsson, Martin Visser ou Svend Erik Andersen. Mas também a cadeira de escritório da série alumínio desenhada, nos anos 50, pelo casal de americanos Charles e Ray Eames ou o conjunto de mesa e cadeias que Warren Platner, nascido no Maryland, criou na década de 60. E que se conjugam com peças mais contemporâneas, mesmo sem assinatura de designer, e candeeiros de ar industrial. O gosto de Emily, 27 anos, revela-se nos detalhes (e também nas cores): tapetes, mealheiros rosa choque, plantas exóticas de que Alma Mollemans “nunca se lembraria de ter na loja”. O flamingo embalsamado é o favorito de Emily, entre os vários exemplares que têm agora ali à venda, onde se inclui um leão. “São animais de jardim zoológico que morreram de velhice”, esclarece.
Tudo aqui, de resto, tem uma história para contar. Repare-se no trabalho minucioso das estátuas africanas em barro decoradas com missangas, nos bonitos quadros feitos de penas de papagaio que são apanhadas pelos índios na Amazónia. Ou nas pás de madeira trabalhada, que servem para prender as tendas no deserto e ficam agora tão bem numa estante. Também há pinturas, mas os olhos fixam-se é na fotografia assinada por Ren Hang, o irreverente fotógrafo chinês. A variedade de peças reflete-se na diversidade dos preços: dos pequenos objetos decorativos, a começar nos 28 euros, à Ox Chair, em pele preta, de Hans Wegner, a custar 10 mil euros, a peça mais cara à venda da loja.
Vintage Department > R. da Escola Politécnica, 46, Lisboa > T. 91 177 88 37 > seg-dom 10h-20h