Na prateleira, o compêndio Cozinha Tradicional Portuguesa, de Maria de Lourdes Modesto, avisa ao que vamos. “Aquele livro continua a ser a nossa bíblia”, aponta António Queiroz Pinto, 30 anos, um dos poucos jovens chefes que não abre mão das receitas do Douro e de Baião, onde cresceu entre a cozinha e a sala do mítico Pensão Borges, propriedade dos pais.
Depois de ter passado a última década no Restaurante de Tormes, na Fundação Eça de Queiroz (encerrado em dezembro), António Queiroz Pinto mudou-se para o centro de Baião, em fevereiro, para abrir uma taberna de cozinha tradicional duriense, cujo nome, Lura, remete para a toca do coelho.
“A ideia é ser um espaço de reunião, de família, onde as pessoas partilhem a cozinha nortenha acompanhada de vinhos, sobretudo da casta Avesso”, resume. Na sala com presuntos pendurados, das três da tarde em diante há sempre petiscos do dia (tripas, língua de vitela, coelho frito em vinha-d’alhos, mão de vaca com grão, javali estufado…), além de peixinhos da horta, pataniscas, punheta de bacalhau, cachorrinho ou pastelão de salpicão (a partir €4).
De Tormes, António Queiroz Pinto trouxe apenas o frango alourado e arroz de favas (€12,50), descrito no romance A Cidade e as Serras, de Eça, que rivaliza com o arroz de aba de vitela arouquesa (€12,50), a vitela na brasa (€18) ou o bacalhau assado na brasa com batata a murro (€14). Por encomenda, faz arroz de cabidela ou capão à Freamunde.
Nem as sobremesas escapam aos ingredientes regionais ou às receitas tradicionais: laranja da Pala (o citrino cresce em Ribadouro, €1,50), rabanada poveira com gelado de baunilha (€4) ou bandarilha (doce de ovos, amêndoa e canela, €3).
Formado pela Escola de Hotelaria do Porto e com um ano no restaurante Dos Cielos, em Barcelona, António Queiroz Pinto até poderia ter escolhido outro caminho. “Optei pela cozinha que vi os meus pais fazerem a vida toda”, diz. Ainda bem!
Taberna Lura > R. de Camões, 330, Baião > T. 91 548 5147 > ter-sáb 15h-22h, dom 15h-20h