Ao final da tarde, a Bica começa a despertar, lentamente. Os bares do bairro lisboeta vão abrindo as portas, e aos grupos de amigos, que ocupam as escadinhas a conversar e a beber um copo, juntam-se os turistas a fotografar o Elevador da Bica, que sobe e desce, airoso, a Rua da Bica de Duarte Belo.
É com este cenário que entramos na animada cevicheria Choclo, aberta em setembro de 2022 pelo casal Katharina Goyke e Matías de Araujo. Ela, nascida em Berlim e com mãe portuguesa, toma conta da sala; ele, oriundo do Chile, é quem trata da cozinha. O prato peruano que se come na rua, a qualquer hora do dia, brilha na ementa em cinco versões. Optámos pelo clássico (€11,90), preparado com peixe branco do dia (comprado no vizinho Mercado da Ribeira), leite de tigre, milho peruano e batata-doce; e pelo nikkei (€16,90), com um toque asiático e que leva atum, leite de tigre yuzu-ponzu, alga wakame, edamame, amendoim japonês e abacate.
“No Chile, onde nasci, temos produtos parecidos com os dos peruanos. Cresci influenciado pela cozinha do Peru”, diz Matías, um grande apreciador desta iguaria. Além dos cinco ceviches, a lista inclui ainda pratos quentes, como o arroz de marisco (€14,90), típico do Norte do Peru e muito popular nas cevicherias, feito com uma base de coentros, polvo, camarão e lula, e a jalea mixta (€12,90), receita, tradicional daquele país, que combina marisco crocante, salada e maionese de chili.
“É uma cozinha equilibrada, tanto na acidez e no picante como na frescura e doçura”, diz Matías, explicando que, no Peru, há cerca de 55 variedades de milho, como o choclo, que dá nome ao restaurante e é aqui utilizado nos ceviches, em cocktails e na chicha morada, uma bebida peruana feita com o dito milho, especiarias e fruta (€4).
Um conselho para quem ficou curioso: há que ir cedo para se conseguir um lugar à mesa ou no balcão, até porque no Choclo não se aceitam reservas.
Choclo > R. da Bica de Duarte Belo, 29, Lisboa > ter-dom 13h-17h30, 18h30-23h