Ao início de tarde, os pratos ainda não estão alinhados no balcão, no entanto, a equipa está já concentrada nos preparativos para o jantar. Até à chegada dos primeiros clientes, dali a quatro horas, muito há para fazer no Kaigi, restaurante de fusão entre a cozinha japonesa e a portuguesa, acabado de abrir no Foco, uma área residencial do Porto, mais tranquila. Pedro Moreno, o sushiman, vai cortando o toro (parte nobre do atum, na região da barriga, que concentra mais gordura, com uma textura macia e amanteigada), a cavala marinada em vinagre, o carapau e o robalo de mar. “É sempre o mesmo corte”, diz, atento, quase sem levantar os olhos.
Adivinha-se, pois, o ambiente descontraído, as conversas soltas em redor deste longo balcão de 12 lugares (e apenas uma mesa para quatro pessoas) em que quase tudo acontece. “Vai permitir ser criativo, e ir brincando com diversas influências, além de Portugal e do Japão”, afirma Nuno Brás, 36 anos, o chefe que coordena o Kaigi, e acompanha Vasco Coelho Santos desde a abertura, em 2016, do Euskalduna Studio (uma Estrela Michelin).
Inspirado pelo conceito nikkei (fusão da cozinha japonesa com outras culturas), e apresentado como um izakaya (taberna), o Kaigi quer celebrar “o encontro entre as duas cozinhas.” Daí que, por norma, tudo seja para partilhar. E, claro, surjam as tempuras e o escabeche, preparações portuguesas que “os japoneses aperfeiçoaram, como só eles sabem fazer”, continua Nuno Brás.

Na carta, entram também o karague (frango frito marinado em gengibre, servido com repolho e aonori, €11), o ikizukuri (salmonete laminado e ponzu, €27), propostas na robata (salmão e miso, lula e kare, carapau e chimichurri…), bem como a grãozada (bacalhau, grão e salsa, €14), a vitela estufada, com miso, cebolete e salsifis (€13), ou a sobremesa de pera, noz e queijo de S. Jorge (€7).
O menu omakase (significa ficar nas mãos do chefe, €65) permite provar pratos que podem nem estar na carta. Para acompanhar, há vinhos portugueses, em garrafa ou a copo (a partir de €7), sakés e uma seleção de chás, da Chá Camélia, produzidos em Vila do Conde.
Kaigi > R. Eugénio de Castro, 226, Porto > T. 93 841 0124 > ter-sáb 19h-24h