“A sericaia é provavelmente de origem indiana e tem marcas da doçaria conventual. Foi implementada pelas freiras dos conventos de Elvas e de Vila Viçosa, onde o doce é decorado com as famosas ameixas da região, claro. Há uma disputa em relação a esta receita pelos dois conventos: o Convento das Chagas de Vila Viçosa e o Convento das Clarissas de Elvas. De forma a tornar a rivalidade mais espicaçada, um convento chama ao doce «Sericaia» e o outro chama «Sericá». Sobre a origem oriental, a lenda diz que a sericaia terá tido a sua origem em Malaca, e a sua receita foi trazida por D. Constantino de Bragança, sétimo vice-rei da Índia.” Henrique Sá Pessoa
Ingredientes (serve 4 pessoas)
12 ovos
125 g de farinha de trigo
500 g de açúcar
1 limão
1 l de leite
1 pau de canela
Sal q.b.
Canela em pó q.b.
Preparação
Pré-aquecer o forno a 225 °C.
Ferver o leite juntamente com a raspa de limão, o pau de canela e uma pitada de sal. Retirar do lume quando estiver pronto e deixar arrefecer.
Entretanto, bater muito bem as gemas com o açúcar até obter um creme fofo.
Adicionar, aos poucos e com uma peneira, a farinha à gemada.
Juntar o leite ao creme de gemas e, mexendo sempre, engrossar em lume baixo. Retirar do calor, tirar a casca de limão e o pau de canela e deixar arrefecer.
Bater as claras em castelo bem firme e incorpore-as cuidadosamente no preparado anterior, que deverá estar frio ou morno.
Levar ao forno o tradicional prato de barro alentejano, fundo e largo, para aquecer.
Verter a massa no prato de barro, polvilhar abundantemente com canela, e levar a cozer cerca de uma hora.
O livro ComTradição (Casa das Letras, 176 págs., €24,90), de Henrique Sá Pessoa, é uma viagem gastronómica ao mundo da cozinha tradicional portuguesa. Baseado no programa homónimo do 24Kitchen, conta com 60 receitas que vão de Viana do Castelo a Faro, passando pelos Açores e Madeira. Todas as receitas são precedidas por uma pequena introdução onde se explica a origem do prato. Sabia que o ensopado de borrego, tal como hoje é confecionado, existe desde o século VII, com provável origem árabe? Ou que a sericaia terá provavelmente origem indiana (em Malaca e terá sido trazida para Portugal pelo sétimo vice-rei da Índia para Portugal) tendo sido implementada pelas freiras dos conventos de Elvas e Vila Viçosa, e que essa rivalidade leva a que o doce tenha, ainda hoje, nomes diferentes nos dois – Sericá e Sericaia?