Sem avental, o serão começou pelas sete da tarde, já depois de descarregada a aplicação Volup. Prática e intuitiva, como outras do género, reúne uma série de restaurantes cuja principal preocupação é, além da comida, criar uma experiência gastronómica aos seus clientes.
Aos iniciais restaurantes Eleven, Essencial, Kanazawa, O Frade, Da Esquina by Vítor Sobral, Terroir e Solar dos Nunes, juntam-se agora Laurentina, Temperatura, Pure, Varanda de Lisboa, Faz Frio e Drogaria. “O nosso filtro não é o preço, é a qualidade da comida. Nunca teremos fast food ou outro serviço”, afirma Álvaro Meyer, 25 anos, inventor da nova Volup. Sempre encomendou comida, mas “a lotaria”, como lhe chama, de não saber se chegava fria ou trocada levou-o a pensar. E pensou não só na aplicação como nas mochilas de transporte, para que estas garantissem a temperatura dos alimentos por mais tempo, logo por mais quilómetros, de Lisboa até à Linha de Cascais. Feitas por uma empresa portuguesa especializada em refrigeração industrial, as mochilas retêm o calor durante mais tempo. Aos estafetas, a quem chamam navigators (navegadores), é-lhes dada formação, quase como se do serviço de sala do próprio restaurante se tratasse, nomeadamente dicas dos chefes a transmitir ao cliente sobre como empratar ou aquecer a comida.
A morar a cerca de nove quilómetros do Da Esquina by Vítor Sobral, em Campo de Ourique, o pedido demorou 40 minutos, menos dez do que estava na app. Só alguém muito paranoico com a questão sanitária reparará que o rapaz segurou nos sacos de lado enquanto o cliente pega nas asas. O que não invalida continuar a lavar bem as mãos antes e depois de manusear as embalagens.
Para começar, um croquete (€2,50) ao qual acrescentámos mostarda, a lembrar as nossas cervejarias. Continuámos nos fritos, sempre apetecíveis e uma boa forma de testar o transporte. Os tentáculos de polvo (€14,90) panados com panko (pão ralado de tipo japonês), apesar de estaladiços arrefeceram num ápice. Impossível resistir às noites gélidas de janeiro. Boa quantidade de polvo, mas pouco molho tártaro; deviam mesmo duplicar a dose. Outra entrada, mas que poderia ser perfeitamente um prato principal, o atum salteado (€11,50) foi o único a tombar dentro do saco e, por isso, o molho saiu da embalagem feita de um cartão forte e reforçado, comprovando que não há embalagens perfeitas. O molho, a lembrar à Bulhão Pato (feito com vinho branco, alho, azeite e coentros), pedia pão e ele veio na encomenda, mesmo sem o termos pedido. Um pão redondo, para fatiar, feito de massa-mãe e fermentação longa. Uma perdição.
Depois de alguns minutos no frigorífico para refrescar, nos copos servimos Vítor Sobral Reserva Branco, um vinho regional alentejano das castas Arinto e Chardonnay, feito em parceria com a Casa Santa Vitória. Calhou-nos a garrafa 338 de 596, uma ótima relação entre qualidade e preço (€12,50). Para prato principal, algo reconfortante e guloso como caril de gambas (€28,50), feito com leite de coco, farofa de broa e avelã, tomate fresco e servido com arroz de curcuma e cardamomo, bem amarelinho e no ponto. Muitas gambas, grandes e rechonchudas, e molho mais do que suficiente. Foi preciso aquecer, mas passou no teste.
O remate doce fez-se com creme queimado (€5,50), aromatizado com baunilha, e vale todas as calorias que tem. Em casa, não sentimos o cheirinho do açúcar acabado de queimar, mas o sabor compensa, sem dúvida, essa ausência. A mousse de chocolate (€5,90), feita com 60% de cacau de São Tomé, tem o equilíbrio certo de doçura. Pelas nove e meia da noite, sem tachos nem panelas para lavar, fechámos a porta da cozinha e desfrutámos da lareira acesa. Não é pedir muito, pois não?
volup.app > disponível nas versões iOS e Android > restaurantes: Eleven, Essencial, Kanazawa, O Frade, Da Esquina by Vítor Sobral, Terroir, Solar dos Nunes, Laurentina, Temperatura, Pure, Varanda de Lisboa, Faz Frio e Drogaria