Impossível esconder a admiração quando se sobe ao último piso do Verride – Palácio Santa Catarina, em Lisboa, transformado em boutique hotel, que combina o charme oitocentista e a arquitetura moderna. Por agora, não se pode lá dormir (encontra-se encerrado até março, devido à pandemia), mas vale a visita ao restaurante Suba, liderado pelo chefe Fábio Alves, que leva à mesa quatro menus de degustação, entre outras sugestões à carta. Antes de se dar início à refeição, tirem-se uns minutos para apreciar uma das melhores vistas de Lisboa – e esta não é uma afirmação exagerada, garantimos.
A paisagem acompanha o almoço (existe um menu executivo, €25 sem bebidas) ou o jantar, seja na nova esplanada, inaugurada no início de setembro, seja no interior do restaurante, que fica um piso abaixo, distinguido com dois prémios em 2019 pelo serviço e pelas criações gastronómicas nos Haute Grandeus Global Excellence Awards.
A ementa, inspirada na cozinha mediterrânea, apresenta quatro menus de degustação assentes, maioritariamente, nos sabores do mar. Do mais simples (quatro momentos) ao mais completo (sete momentos), destaca-se ainda o menu do chefe, que muda quinzenalmente, composto por cinco momentos, onde Fábio Alves mostra a sua criatividade e técnica. Curioso por aquilo que o rodeia, o chefe encontra inspiração no mar e no rio, ali bem perto, e na montanha, ou não tivesse nascido em Chaves, na região de Trás-os-Montes, onde tirou o curso de cozinha.
Com tudo preparado e decidido antecipadamente pelo chefe, que selecionou para este jantar pratos dos diferentes menus, temos apenas de escolher o cocktail. Uma vista rápida na lista, apontamos ao Pornstar Martini by Verride (€15), preparado com baunilha, maracujá, vodka, sumo de laranja e espumante. Depois de saborear os diferentes pães – como o de açafrão com frutos secos e o crocante de milho e arroz, que barramos com manteiga de alecrim -, seguem-se duas entradas. A sardinha no pão, tomate, creme de caldo verde e pimento, pretende representar os sabores dos Santos Populares que este ano viu as suas festas serem canceladas pela Covid-19. A segunda entrada chega à mesa dentro de uma caixa em madeira, deixando no ar uma certa curiosidade. Ao abrir, vê-se uma colher com uma porção de cavala fumada, água de tomate e pimento, que se deve comer de uma assentada só.
Ainda nos sabores a mar, apresenta-se o carabineiro crocante, manga e quinoa preta, finalizado na mesa com uma espécie de gaspacho de manga, que nos deixa de sorriso nos lábios. Para acompanhar o prato que se segue, o robalo com puré de topinambur e couve romanesca, é servido o Vinha Grande Branco, o primeiro vinho branco produzido pela Casa Ferreirinha, na região do Douro.
Já quase na reta da meta, o mil-folhas de porco bísaro, com favas em três texturas (em puré, salteadas e em pó) e cogumelos ficará na memória, pela carne tão tenra e por ser tão guloso, ali acompanhado pelo Quinta de Lemos Dona Santana, uma homenagem de Celso Lemos, fundador da Quinta de Lemos, à sua avó Dona Santana. O falso limão, suspiro e chocolate quente e o cálice de vinho Madeira fecha a refeição, antes de nos despedirmos de Lisboa.
Suba > Verride – Palácio Santa Catarina, R. de Santa Catarina, 1, Lisboa > T. 21 157 3055 > ter-sáb 12h-30-15h, 19h30-23h > menu executivo ter-sex €25 (inclui entrada, prato principal e sobremesa, sem bebidas) > €50/4 momentos, pairing €40/4 vinhos, €80/5 momentos, pairing €45/ 5 vinhos; €110 / 7 momentos, pairing €70/7 vinhos, Menu do chef €65/5 momentos, pairing €45/5 vinhos