
Cláudia Torres e José Figueiredo no “escritório” da Zé Badio, instalado na marginal de Gaia, junto às caves de vinho do Porto
D.R.
Pedir gelado em bola é coisa do passado. No Cais de Gaia, há deliciosos e coloridos rolinhos, feitos numa chapa fria, à frente do cliente, que têm levado os turistas a fazer fila na marginal de Vila Nova de Gaia, sem nunca perder de vista o rio Douro e o Porto. A espera pode até durar largos minutos, mas valerá bem a pena provar as criações da Zé Badio – assim mesmo com pronúncia do Norte – e ver como o “artístico” método tailandês dá forma a um gelado natural, de base italiana, com fruta variada, a maioria biológica e da época, e chocolate negro.
Se somarmos a simpatia de Cláudia Torres, professora de Música, e de José Figueiredo, formado em Economia, os mentores do negócio, à frente de dois bonitos carrinhos “estacionados” a dois passos das caves de Vinho do Porto, junto ao Edifício Porto Cruz, está explicado o sucesso. “É um gelado que apela aos sentidos”, reforça o casal.
Aos gelados, à base de leite, pode juntar-se quase tudo: desde bolos a fruta ou chocolate. São oito os sabores “Badios” sempre disponíveis, mas todas as semanas há um rotativo. Além de chocolate negro e Oreo (o mais vendido), encontrará limão e sumo de lima, pistácio salgado, pastel de nata, morango e Oreo, ananás e morango (a partir de €4). A finalizar usam-se toppings caseiros, como molho de morangos, suspiros, chocolate quente ou flores comestíveis. São servidos num único tamanho, em copos de cartão, com colheres de madeira e guardanapos reciclados.

Demora menos de três minutos a fazer o gelado em rolinhos. Numa placa redonda, a cerca 20 graus negativos, é colocada a base de leite e os ingredientes sólidos, que são depois picados. A mistura é, de seguida, enrolada com a ajuda de uma espátula
Lucília Monteiro
Aberto desde junho, a Zé Badio já deu a provar sabores muito diferentes, como vinho do Porto, doces jesuíta, viriato, bola de Berlim e fogaça, assim como frutas: mirtilos, maracujá, amoras e framboesas. “A forma de fazer não muda. Tentamos é que o sabor seja o mais natural possível, aliado ao método tradicional italiano”, acrescenta Cláudia. Cada gelado demora menos de três minutos a fazer. E o processo repete-se a cada novo pedido. Em cima de uma placa de metal redonda, a cerca 20 graus negativos, Cláudia e José começam por colocar a base de leite à qual juntam os ingredientes sólidos, que picam com a ajuda de duas espátulas em movimentos rápidos. Fica tudo reduzido a migalhas, que se espalham até formar uma camada muito fina, rapidamente solidificada graças à temperatura negativa. Depois passam a espátula entre a placa e o gelado, criando pequenos rolinhos que se acomodam no copo.
Cláudia e José cruzaram-se pela primeira vez com o gelado em rolinhos, há dois anos, numa viagem à Tailândia. Mas foi só depois de um périplo por vários países da Europa, e de verem a febre em redor dos “ice cream rolls”, que surgiu a ideia do negócio. À técnica tailandesa quiseram juntar o saber fazer italiano, daí que o casal tenha viajado até Grosseto, em Itália, para estudar na Gelato Natural Academy.
Quando Cláudia e José viram o seu projeto ser escolhido para a beira-rio, a ocupar um dos lugares mais visitados da cidade, nunca imaginaram o quanto seria agradável trabalhar com “a melhor vista de escritório” que alguém poderia querer. Agora é vê-los sorridentes, a dar andamento a cada novo pedido. Com o aproximar do outono, o casal equaciona abrir uma loja ou estacionar os carrinhos da Zé Badio num lugar protegido do frio e da chuva. Por ora, pelo menos até fim de outubro, mantêm-se no Cais de Gaia.

Badio de pistácio salgado, de base vegan, com sal rosa dos himalaias, topping de pistácios triturados e perfume de primavera
Lucília Monteiro
Zé Badio > Av. Diogo Leite, Vila Nova de Gaia > seg-dom 15h-22h