Bigoli alle vongole, típico de Veneza, um esparguete mais grosso, feito com massa fresca, servido com amêijoas
D.R.
O superlativo absoluto sintético do título não se aplica só à filosofia do restaurante, que há um ano e meio começou por ser apenas uma mercearia com produtos italianos. É também um modo de vida. Em Lisboa, Ludovica Rocchi Brandão, chegada de Roma há quatro anos, continua a andar de Vespa para todo o lado. Em plena II Guerra Mundial, o avô abriu uma trattoria na Piazza Fiammetta. Agora, alguns dos pratos idealizados para a carta da mercearia italiana, em Campo de Ourique, são replicados pela família na trattoria romana.
O verão só chega daqui a uns dias, mas a ementa do Fiammetta já está pensada para os dias mais quentes. Felizmente, o linguini carbonara (€11) mantém-se, assim como o risotto de açafrão (€13), a que se juntam sempre os legumes da estação – se agora é tempo de espargos ou favas, no mês que vem muda tudo. A pedir uma massa mais fina, sem fermento, saem os paninos e entram as piadines (€7-€9), feitas com ingredientes à venda na charcutaria: affumicata com rúcula, speck (espécie de fiambre fumado) e stracciatella (interior da burrata); mediterrânea com beringela grelhada, pesto de tomate seco e manjericão; tartufata com presunto de Parma, mozzarella de búfala e azeite de trufa.
O chefe Armando Capocci pegou também em clássicos italianos e, com alguma inovação, enriqueceu-os. Provámos o bigoli alle vongole (€15), típico de Veneza, um esparguete mais grosso, feito com massa fresca, servido com amêijoas. Que ninguém se atreva a cortar o esparguete com a faca nem a pedir parmesão para polvilhar um prato de peixe, é um sacrilégio. No Norte de Itália, na região de Piemonte, faz-se uma das poucas receitas que misturam carne e peixe. A vitela tonnato (€13) é servida fria com uma maionese de atum, alcaparras e anchovas – esqueça qualquer pasta de atum que lhe tenha sido apresentada num couvert. Difícil será escolher entre o carpaccio de robalo (€20) em azeite, trufa preta e lascas de limão, citrino certo para não matar a frescura do peixe, o gnocchi com molho de caranguejo e gambas (€18) e o ravioli de ricotta, pecorino, lardo di colonnata e avelã (€18). No fim, como não se sente o álcool, a flûte com sgroppino (sorvete de ananás, vodka e prosecco) pode ser um (delicioso) perigo.
O restaurante abre-se para a rua, com as mesas a ocupar o passeio
D.R.
Os produtos frescos são os únicos comprados em Portugal, tudo o resto chega de Itália. Em breve, terão à venda um carpaccio de atum e outro de robalo, e filete de enguia fresca, vindos da Sardenha.
Fiammetta > R. Almeida e Sousa, 20A, Lisboa > T. 21 385 0679 > ter-qua 10h30-21h, qui-sáb 10h30-23h, dom 10h30-18h