Para entrar no Egoísta, temos que passar pelas salas de jogo do Casino da Póvoa. Nada que perturbe os dias do restaurante, a caminho dos 10 anos, sempre com o chefe Hermínio Costa à frente da cozinha. Na sala, com 40 lugares e decorada com obras de Alberto Carneiro, Nikias Skapinakis, Rogério Ribeiro, António Macedo e Moita Macedo, a refeição é para ser saboreada com tempo.
Na carta, renovada recentemente para os dias mais frios, “há ingredientes que nunca podem faltar, como o peixe”, diz Hermínio Costa. Ou não estivéssemos junto à costa. O carabineiro do Atlântico chega à mesa com foie gras, geleia de mar, esferas de wasabi e lúcia-lima (€17,50). E é quando olhamos para esta composição que as palavras do chefe ganham sentido: “Pintei os pratos desta nova carta com os tons castanhos e frios da estação”. Antes, já tinha sido servido o ovo de codorniz escalfado com caldo de galinha e trufa, e ainda um saboroso bacalhau à Conde da Guarda. Tudo, acompanhado pela frescura e acidez do branco Quinta da Pedra Alvarinho 2014.
Os sabores do mar continuam com o bacalhau negro do Alasca, bisque de lagostins e clorofila de coentros (€17,50), e o pregado de mar com batata parisiense, geleia de beterraba e espinafres (€27,50), servido com molho de manteiga beurre blanc, a revelar a influência da cozinha francesa (Herminio Costa trabalhou em Bruxelas). Os tintos Casal de Santa Maria 2015 e Quinta da Curia 2010 da Bairrada acompanham o prato de carne, tão bonito quanto saboroso: um naco de Black Angus com feijão mungo (em puré, na base), sementes de sésamo delicadamente perfiladas, e cogumelos brancos com redução de vinho do Douro (€27,50).
A sobremesa Ilha de Madagáscar – chocolate de Madagáscar 67% cacau, café e creme de alcaçuz (€15) – faz-nos viajar até à costa leste africana. Um doce, confessa o chefe de cozinha, que lhe deu “especial gozo” em fazer. Mais uma vez, hesitamos na colherada, com pena de estragar a obra de arte culinária, em forma de flor com delicadas pétalas de chocolate.
Durante a refeição, é servida uma seleção de pães caseiros, feitos numa padaria na Póvoa de Varzim: bolinhas entrelaçadas de cereais (que levam o nome de Egoísta), sementes de papoila, centeio, alfarroba e mistura de sementes. E é possível também provar queijos variados: Terrincho Velho, Conté, Ilha de São Jorge e da Serra amanteigado (cabra e ovelha).
O Egoísta abre apenas ao jantar de quarta a sábado, com serviço à carta e dois menus de degustação, pensados para quem goste de viajar por várias latitudes.
Egoísta > Edifício do Casino da Póvoa, Póvoa de Varzim > T. 252 690 888 > qua-sáb 20h > menus de degustação €50/4 pratos, €80/6 pratos, harmonização com vinhos a partir €30