A cada estação, o restaurante sofre transformações. Agora, acolhe o inverno com pratos reconfortantes e uma ilustração de Raquel Costa na parede, inspirada no livro Terra de Neve, de Yasunari Kawabata (Prémio Nobel da Literatura em 1968)
Lucília Monteiro
Derrubar preconceitos tem sido uma constante do Michizaki, desde a abertura em junho de 2016, no centro de Braga. O sushi consta da lista, mas não é uma prioridade deste restaurante japonês. Os brasileiros Guilherme Michishita e Natan Faria e o português Tiago Ribeiro abraçaram a missão de dar a conhecer a gastronomia servida nos izakayas, as casas de petiscos tradicionais do Japão, que se enchem de clientes descontraídos no final do horário de trabalho, assinaladas com uma lanterna vermelha à porta. “A aceitação tem sido excelente”, conta Guilherme, a viver há cinco anos em Braga, depois de experiências profissionais em São Paulo e Lisboa. “As pessoas gostam de descobrir sabores e texturas que nunca imaginaram existir.”
Para quem não está à vontade nestas andanças, o melhor é seguir o omakase, ou seja, as sugestões do chefe, entre os três e os cinco euros. Há takoyaki (bolinhas de massa recheadas com pedaços de polvo), yakisoba (massa japonesa salteada com três diferentes acompanhamentos), misoshiro (sopa miso), ebi shumai (trouxas de camarão cozidas ao vapor) e muito mais. “Por norma, fica-se satisfeito com quatro petiscos”, diz Guilherme Michishita. O menu inclui ainda sushi, robatas (espetadas) e tempuras, em versões puristas. Ao almoço, durante a semana, as Bento Box (de carne ou peixe, vegetarianas ou de sushi) têm imensa saída. Uma espécie de marmitas de madeira com divisórias para diferentes especialidades, vendidas entre €8 e 10 euros. Refira-se a mais emblemática das sobremesas, o anmitsu, um doce de feijão azuki com gelado de chá verde, fruta, gelatina kanten e calda de açúcar, além dos gelados vindos da terra do Sol Nascente. Nas bebidas, também há descobertas, como cerveja, chá, gin, whisky e sake japonês.
Atualmente, o Michizaki celebra o inverno com pratos bem reconfortantes, como o shoyu ramen (caldo com massa, €6), o gyudon (vazia de novilho e cebola cozidos, cobertos com gengibre em conserva e gema de ovo de codorniz, servido sobre arroz, €5,50) ou os onigiri (bolinhos de arroz triangulares, €2,50).
Cá dentro, reina a estética wabi sabi, a beleza das coisas simples e imperfeitas. Uma estrutura de madeira evoca a grande onda de Kanagawa, uma conhecida xilogravura do mestre japonês Hokusai. É deixar-se levar.
Lucília Monteiro
Michizaki > R. Dom Frei Caetano Brandão, 169, Braga > T. 253 086 587 > ter-qui 12h30-14h30, 19h30-23h, sex-sáb 12h30-14h30, 19h30-24h