Logo à entrada, umas cadeiras de cinema azuis. Há, pelo menos, 13 anos que estas relíquias de um antigo cinema americano no Nebraska acompanham o casal cervejeiro Susana Cascais e Scott Steffens. Agora, encontraram o sítio certo para as usar. No bairro lisboeta de Marvila, esta tap room – o mesmo será dizer sala de provas com torneiras (tap, em inglês) – fica em frente à fábrica ali instalada desde julho. Com capacidade para produzir 12 mil litros de cerveja por mês, nesta nova fase da Dois Corvos, Susana e Scott têm um objetivo: contribuir para incentivar a cultura da cerveja artesanal no nosso país. “A cultura da cerveja artesanal é muito incipiente. Aqui haverá um envolvimento diferente, pois ficamos a saber onde se faz e como se faz”, explica a portuguesa. Em Marvila, encontraram o sítio certo para instalar a fábrica e agora a sala de provas.
Por baixo de uma grande ardósia preta, ficam as dez torneiras para servir à pressão as diversas cervejas. A tábua com cinco copos pequenos (€8) é a melhor opção para os iniciados nestas lides. “Deve começar-se pelas mais claras para as mais escuras, o que equivale à intensidade, vamos das mais leves e fáceis às mais intensas e encorpadas”, explica Susana Cascais. Depois da blonde Avenida, pode vir uma Metropolitan, de sabor bastante equilibrado entre o malte e o lúpulo. A Matiné, uma das que tem menos álcool (4,5%), contrasta com a Ipa (6,8%), carregada de lúpulo. Os mais destemidos podem experimentar a Galáxia, que leva lactose e fica com a doçura cremosa do leite. E agora para os dias frios, Susana sugere a Into The Woods (8%), com notas de caramelo. Quem quiser levar para casa tem as garrafas de 33cl, a rondar os €2,50, ou os growlers, belas garrafas de vidro escuro, de um ou dois litros, com um preço de vasilhame (€4 ou €7), que depois podem voltar para se encherem de novo.
Dois Corvos > R. Capitão Leitão, 94, Lisboa > T. 91 444 0326 > sex-sáb 17h-23h (tap room), seg-sex 13h-18h (loja)
Fabrico Passo a Passo
1 Na cuba de brassagem o malte moído fica a demolhar, o que faz com que se extraiam os açúcares fermentáveis do cereal
2 O mosto açucarado fica na cuba de fervura durante uma hora, aproximadamente. Consoante a variedade, ficará mais ou menos concentrado
3 Adicionam-se os lúpulos, plantas que dão o amargor e o aroma à cerveja
4 No fermentador adiciona-se a levedura e aí permanece duas a três semanas
5 Segue-se o processo de decantação, uma espécie de filtragem, seguido de uma última clarificação
6 Está pronta para engarrafar