O que têm em comum o Palácio da Pena, a Quinta da Regaleira, o Castelo dos Mouros e a Piriquita? Todos estão localizados em Sintra, recebem milhares de visitantes e são conhecidos a nível mundial. Apesar de não se tratar de um monumento, a pastelaria Piriquita há muito que faz parte dos roteiros culturais. Aqui, faz-se fila para entrar, mas ninguém se importa de esperar longos minutos pela sua vez. Como prova do êxito abriram, em 1998, na mesma rua, outra pastelaria (espaço de apoio, sem produção) para que toda a gente possa saborear as conhecidas queijadas e travesseiros. Com histórias e formas diferentes de confecção, o melhor é provar as duas especialidades.
A história da Piriquita começa em 1858, com a fundação da padaria Constância Gomes. Muitos reis escolhiam Sintra para passar os fins-de-semana e tempos livres, por isso, esta casa não passou despercebida a D. Carlos, um rei muito guloso. Foi, aliás, D. Carlos que pôs a alcunha de Piriquita à proprietária da padaria, por ser de estatura baixa. Na altura, as queijadas começaram a estar na moda e, a pedido deste ilustre cliente, a casa iniciou a sua confecção em série. A receita origi nal continua na posse da família Cunha que mantém viva a tradição ao longo de todos estes anos. Por outro lado, os travesseiros aparecem numa época de crise, durante a II Guerra Mundial. Numa altura em que a matéria–prima escasseava, Constância Cunha encontrou num livro antigo de receitas uma que considerou original: a dos travesseiros. Com uma excelente “mão para os doces”, Constância aperfeiçoou-a incluindo um ingrediente mágico, que continua a ser o segredo dos travesseiros, tornando-os únicos.
Na cozinha, lado a lado, trabalham diariamente, entre as 7 e as 19 horas, várias gerações: a avó Leonor Cunha, 73 anos, o filho Rui Cunha, 44 anos, a neta Vera, 26 anos (que pertence à sexta geração) entre outros pasteleiros. O outro filho de Leonor, Fernando Cunha, divide-se entre a política e este negócio. É, actualmente, o novo presidente da Junta de Freguesia de São Pedro. Queijo fresco de qualidade, canela, açúcar e ovos são os ingredientes que podemos encontrar no recheio das queijadas. Mas até estar em prontas a comer, é preciso estender as casquinhas (água e farinha ) em tabuleiros, colocar no interior o recheio, uma tarefa que José Francisco, faz como ninguém, utilizando métodos tradicionais. Em relação aos travesseiros, os métodos e ingredientes são diferentes : depois de feita e amassada a massa, são cortados à medida certa. Numa grande panela é preparado o recheio ao doce de ovos e amêndoa, é adicionado o “segredo” que é colocado no centro da massa que é dobrada em várias partes, adquirindo o aspecto final.
Piriquita > R. das Padarias, 1, Sintra > T. 21 923 0626